Blades of Fire: Dualidade entre Inovação e Influência

Descubra as Forjas Profundas e os Desafios Épicos que Moldam Blades of Fire

Blades of Fire revelou-se uma experiência fascinante e, ao mesmo tempo, contraditória: fui imediatamente absorvida pelo seu sistema de forja detalhado e pelos combates táticos, mas percebi também que o design tenta, em vão, escapar das sombras de títulos consagrados do gênero. Embora ofereça momentos de criatividade intensa e desafios de alto nível, o jogo por vezes se estende além do confortável, exigindo a paciência até dos jogadores mais obstinados. Essa oscilação constante entre brilho e frustração é o cerne desta análise.

O primeiro passo para Blades of Fire é desconsiderar o desejo de um gráfico surpreendente
O primeiro passo para Blades of Fire é desconsiderar o desejo de um gráfico surpreendente

Tradição e Ambição


Para compreender plenamente Blades of Fire, é fundamental conhecer o estúdio por trás dele. A MercurySteam, fundada em 2002 por ex-membros da Rebel Act Studios (responsáveis por Severance: Blade of Darkness), consolidou-se graças à colaboração na trilogia Castlevania: Lords of Shadow. Mais tarde, em 2017, o remake Metroid: Samus Returns foi aclamado, assim como Metroid Dread, co-desenvolvido em 2021 para Nintendo Switch. Dessa forma, demonstra-se tanto a versatilidade da equipe quanto sua disposição em assumir projetos grandiosos e complexos.

Mergulho na História e no Mundo Sombrio


Em Blades of Fire, o jogador encarna Aran de Lira, jovem nobre lançado num turbilhão de conspirações em um reino assolado por um feitiço que petrifica armas comuns. Ainda que o enredo utilize arquétipos clássicos da fantasia sombria, a atmosfera é reforçada por uma direção de arte inspirada tanto em God of War quanto em Soulslikes mais ásperos. Consequentemente, cada área transmite uma sensação opressiva e carregada de tensão, preparando o terreno para confrontos memoráveis.

A Alma da Experiência


Não há como discutir Blades of Fire sem destacar seu sistema de forja, considerado, sem dúvida, uma lufada de ar fresco no gênero. Primeiramente, recursos são coletados e, em seguida, o jogador escolhe entre diversas famílias de armas, participando de um minijogo de martelamento que exige ritmo e precisão. Além disso, cada metal e cada desenho conferem atributos únicos, influenciando peso, equilíbrio e velocidade de ataque. O resultado é uma sensação quase meditativa: ver a própria lâmina moldada e, depois, comprobar sua eficácia em combate é, indiscutivelmente, gratificante.

Ainda que alguns usuários tenham classificado o minijogo como excessivamente punitivo nos primeiros encontros, ele se revela mais equilibrado conforme suas nuances são compreendidas. Portanto, a experiência de “essa arma sou eu” desponta como um diferencial raro e valioso.

Algusn momentos da exploração podem ser belos
Alguns momentos da exploração podem ser belos

Curva de Aprendizado


Por outro lado, a introdução das mecânicas sofre com a ausência de tutoriais claros e sinalizações no mapa. No início, a jornada testa sua paciência: você passa mais tempo descobrindo o que fazer do que forjando armas ou enfrentando adversários. Em um título que exige precisão, tal névoa inicial pode desestimulá-lo.

Exploração Sem Destino Claro de Blades of Fire


A estrutura de “retorno a áreas prévias”, embora remeta a clássicos metroidvania, esbarra em marcações confusas e em backtracking sem propósito evidente, o que pode se tornar maçante. Mesmo encontrando segredos e nichos de recursos extras, a repetição de trajetos expõe falhas no level design. Quando o mundo funciona, a exploração é recompensadora; contudo, quando falha, a progressão aparenta ser um sacrifício arbitrário.

Desafio Calculado de Blades of Fire


No combate tático, Blades of Fire une a ferocidade de um Soulslike à estratégia de um Monster Hunter. Você identifica pontos vulneráveis nos inimigos, escolhe a arma ideal — espada larga para cortes precisos, martelo para impactos poderosos ou lança para perfurações cirúrgicas — e executa posturas e combos com precisão. No início, a curva de aprendizado assusta, mas, a cada duelo vencido, cresce a sensação de conquista pessoal.

Além disso, o sistema de estamina favorece bloqueios estratégicos: sua barra de energia só regenera quando você se defende, incentivando recuos inteligentes em vez de investidas desenfreadas.Por conseguinte, embates que, à primeira vista, soam intimidadores, tornam-se puzzles violentos em que o timing e o posicionamento fazem toda a diferença.

Adso, cronista sagaz, acompanha você em cada confronto, oferecendo análises detalhadas dos inimigos e traduzindo inscrições antigas. Com isso, a solidão típica do gênero diminui e a narrativa ganha profundidade. Contudo, em níveis de dificuldade mais elevados, a margem de erro é mínima e erros de esquiva resultam em mortes frustrantes, o que pode afastar quem prefere experiências menos punitivas.

Não faz mal tentar ser um de seus jogos favoritos, isso é comum
Não faz mal tentar ser um de seus jogos favoritos, isso é comum

Atmosfera Forjada


A trilha sonora, composta por Enric Álvarez e Óscar Araújo, oscila entre grandiosidade orquestral e ruídos industriais, sendo eficaz em cenas de exploração e nos momentos de forja. Enquanto acordes graves ecoam em corredores sombrios, percussões ritmadas acompanham cada martelada, criando um contraste sonoro que, muitas vezes, aumenta a imersão.

Entretanto, temas secundários destinados a áreas de tráfego apresentam-se genéricos e, por vezes, interrompem o clima estabelecido pelos composições principais. Dessa forma, a qualidade musical varia consideravelmente, deixando claro que os destaques residem principalmente em trilhas de chefes e momentos de clímax.

Luz, Sombra e Influências


Visualmente, o jogo impressiona com cenários que remetem às pinturas de Caravaggio, onde feixes de luz perfuram a escuridão. A equipe esculpiu cada ambiente meticulosamente, mas o polimento varia: no Castelo de Gelo, por exemplo, o jogo carrega texturas lentamente, o que quebra a imersão por alguns instantes.

Por outro lado, a composição de câmera e os designs de inimigos evocam, inevitavelmente, God of War, o que reforça a sensação de familiaridade em vez de novidade. Embora a estética seja belíssima, ela é, em certo grau, impactada pela derivação de obras consagradas.

A Lâmina Ambígua


Embora Blades of Fire peça emprestado elementos de Breath of the Wild, Dark Souls, Elden Ring e Monster Hunter, é justamente na junção entre seu sistema de forja e o combate direcional que sua originalidade se manifesta. No entanto, áreas genéricas e chefes que lembram outras franquias muitas vezes ofuscam essa identidade própria.

Dessa maneira, o título se apresenta como um tributo habilidoso, mas não totalmente autônomo. Assim, enquanto certos momentos brilham com inovação, outros revelam a dependência de modelos pré-existentes.

Blades of Fire, Forjado na Tensão


Em suma, Blades of Fire é um RPG de ação ambicioso, cuja forja de armas autêntica e o combate tático proporcionam experiências memoráveis. Ao mesmo tempo, problemas de usabilidade, oscilações na trilha sonora e derivações visuais limitam seu potencial.

BLADES OF FIRE

SCORE - 7.2

7.2

OK

Caso você valorize desafios estratégicos e não se incomode com um início pouco guiado, este título poderá recompensá-lo com dezenas de horas de diversão. Contudo, se sua preferência recai sobre narrativas mais lineares e design perfeitamente polido desde o primeiro instante, talvez seja recomendado aguardar atualizações ou explorar outras opções no gênero.