Sabe aquele tipo de jogo descompromissado, extremamente satisfatório, que saiu sem alarde algum e você precisa jogar? É o caso de The Exit 8! Ainda que o jogo não seja conhecido e nem possua um oneroso departamento de marketing por trás, ele é uma obra indispensável de 2023.

Se você, há anos atrás, se encantou pelo P.T. (Silent Hills) do Hideo Kojima, não perca mais tempo e vá atrás de The Exit 8. Em tempos em que se discutiu se Dave the Diver (por conta da publisher bilionária do jogo) deveria ou não ter sido indicado à disputa de indie do ano, The Exit 8 é um indie de corpo, alma e coração.

Desenvolvido pela Kotake Create, é perceptível que, em termos financeiros ou mesmo pela falta (que não faz falta) de arroubos técnicos ou de gameplay, temos uma produção de escala mínima. Contudo, o baixo valor de produção é inversamente proporcional ao talento que empregou-se na jogabilidade e no despertar pelo interessante no jogo.

The Exit 8: do que se trata?

Não há, aqui, muito que pode servir enquanto parâmetro explicativo para se definir o fio narrativo de The Exit 8. Basta se dizer que, tal qual o título, devemos levar o personagem até a tal Saída 8. Para tanto, conduzimos nosso avatar por alguns corredores subterrâneos (de um metrô ou sistema de trens, provavelmente) que vão se repetindo em uma sistemática de loop com adições, subtrações e alterações.

Ou seja, embora seja uma obra curta, o jogador menos atento e indisponível à imersão proposta poderá levar algumas horas para terminar o jogo. No entanto, se existe dedicação e atenção, também se pode chegar à saída em questão de minutos.

Uma viciante jogabilidade

No jogo, há somente três ações muito básicas: andar, correr e controlar a câmera/visão do personagem. Todavia, não precisamos de muito além disso, afinal, toda a magia está na direção de arte de TE8.

Correr, inclusive, pouco ou nada possui efeito para o avanço da narrativa. Ao correr, o jogador poderá deixar passar pistas essenciais para o progresso até o fim. Antes de chegar à Saída 8, é preciso se passar pelas sete saídas anteriores. E, em cada uma delas, pode ou não haver uma anomalia que distorce a realidade do corredor inicial.

Ao jogador, cabe identificar o que é a anomalia em questão e dar meia volta. Se realmente era uma anomalia e se houve o retorno, avança-se de uma saída para outra. E assim será até se alcançar o fim do game. As anomalias, no entanto, ora são muito explícitas e ora são micro detalhes de/em algo.

Dessa forma, no corredor em que a anomalia se dá, há sempre algumas portas, sistemas de ar, luzes, um chão com piso adaptado para deficientes visuais, uma placa, alguns sinaleiros, quadros e cartazes.

Além destes detalhes em maior ou menor escala, também há, sempre, um homem que caminha em nossa direção. O homem carrega uma pasta preta e um celular. Será ele, também, uma anomalia…? Jogue, descubra e se surpreenda.

Ao jogador, The Exit 8 requer calma. Chegar ao fim ou retornar ao começo — sim, qualquer erro te leva ao início — é algo que depende da nossa imersão ao contexto de horror psicológico daquelas situações. Nos corredores, tudo importa: das frases e números ao reflexos e sombras.

O horror encantador de The Exit 8

Se possível, para uma maior imersão, jogue à noite e com um bom sistema de som. Com fones de ouvido, preferencialmente. Além dos visuais, o som também traz nuances a mais para a jogabilidade. Uma porta que se abre, o barulho de algo que se aproxima, passos que são ouvidos: os detalhes de TE8 são ricos e essenciais ao progresso do game.

A expectativa do que se encontrará ao virar em cada corredor é satisfatória e desperta a curiosidade do jogador. Nesse sentido, o jogo brilha, pois, ao mesmo tempo em que queremos sair logo daquele corredor e passar ao próximo, dedicar-se ao que se vê pode trazer benefícios.

Portanto, The Exit 8 é um jogo em que é necessário negociar com a sua expectativa e curiosidade para afastar ou evitar o pavor no corredor seguinte. E se houver o interesse, o jogador pode tentar descobrir cada anomalia da obra (são algumas dezenas).

Em minha experiência com TE8, para descobrir todas, cheguei ao fim do jogo em três vezes. E valeu a pena investir tal tempo, pois o fator recompensa das anomalias é deveras interessante.

Se deixe levar por TE8

Com ou sem marketing por trás, TE8 sagra-se enquanto uma obra indispensável de 2023 por seu esmero técnico, sua jogabilidade arrojada e a sua trama que inspira e nos entrega, felizmente, ao puro pavor.

Seja jogando por minutos ou horas, The Exit 8 certamente é uma obra que merece a sua atenção, o seu tempo e conquistará o seu coração através do despertar da curiosidade a partir da jogabilidade imersiva e com sua direção de arte calculadamente divertida, sombria no ponto certo e detalhada.

Além do mais, atualmente, mesmo tendo sido lançado há poucos dias, o jogo encontra-se por um valor bastante confortável (cerca de treze reais na Steam). Busque por 8 番出口. Curiosamente, até então, digitar The Exit 8 no buscador da Steam não mostrará o game.

Meu conselho é: pegue-o mesmo antes dele entrar em promoção. E divirta-se!