O Game Boy foi o console portátil que, em muitos casos, apresentou o mundo dos videogames para nós. A variedade de jogos, a beleza dos gráficos pixelados e a facilidade de jogar em qualquer lugar foram alguns dos fatores que encantaram quem viveu o seu auge. Aquele sentimento de estar jogando algo especial, que prende pela pura jogabilidade e narrativa, às vezes é resgatado nos tempos atuais.
Pipistrello and the Cursed Yoyo é um jogo brasileiro que faz você voltar a ser criança e relembrar a pura diversão que o console da Nintendo, na época, proporcionava.
Nossa jornada começa com Pippit, um carismático coelho azul que quer se tornar mestre na arte do ioiô. A pedido de sua tia, líder da família Pipistrello, ele retorna à sua cidade natal. Apesar de não se importar muito com os negócios da família, Pippit faz parte de uma dinastia temida pelos habitantes locais, o que fica evidente logo no início do jogo.
Pipistrello apresenta uma “vilania de bairro” onde empresários mafiosos buscam poder e influência para controlar Nova Voltânia, de acordo com seus interesses. Para isso, eles precisam derrubar a poderosa família Pipistrello, que monopoliza os recursos energéticos da cidade, dos quais todos dependem – inclusive esses empresários.
Os mafiosos derrotam Madame Pipistrello, tia de Pippit, utilizando quatro baterias especiais desenvolvidas pelos próprios Pipistrellos. A alma de Madame Pipistrello é sugada, mas, em uma tentativa desesperada de salvá-la, Pippit lança seu ioiô. A alma dela fica então presa no ioiô de Pippit, transformando-o em um ioiô-morcego amaldiçoado.
Assim começa a aventura: Pippit, ainda jovem e imaturo, deve derrotar os quatro empresários mafiosos, recuperar as baterias especiais e restaurar o corpo de sua tia para salvar as Indústrias Pipistrello.
Mecanicamente, Pipistrello é simples, mas exige destreza e agilidade. Em várias arenas, múltiplos inimigos com habilidades e padrões de movimento distintos cercam Pippit, exigindo domínio de suas habilidades e reflexos rápidos para desviar de obstáculos.
O timing é essencial. Como plataforma em mundo aberto, Pipistrello apresenta áreas que só são acessíveis “no momento certo” — seja em plataformas flutuantes sobre água, seja nas ruas movimentadas de Nova Voltânia, onde Pippit desvia de carros e barreiras urbanas.
Não podemos esquecer do precioso ioiô. A ideia inusitada de usá-lo como arma e ferramenta parecia apenas charme, mas se mostra fundamental ao unir a personalidade de Pippit ao gameplay: cada obstáculo é superável com habilidade e carisma.
Ao longo da jornada, Pippit aprende novas formas de usar o ioiô para acessar plataformas distantes, desbloquear áreas secretas e atacar grupos de inimigos simultaneamente.
Toda criança com um ioiô amaldiçoado precisa de um esconderijo. Na base secreta dos Pipistrellos, Pippit encontra parentes que escaparam dos mafiosos, onde pode fazer upgrades, melhorar recursos e recuperar vida.
Um destaque é a árvore de habilidades: diferente de outros RPGs, aqui as habilidades são compradas com dinheiro, mas geram uma dívida temporária. Só ao quitar essa dívida o jogador mantém o poder permanentemente, o que exige estratégia na hora do upgrade.
Outro elemento especial são os “bótons” — inspirados em metroidvanias (ou “Yoyovanias”, como os criadores chamam). Cada bóton oferece uma habilidade (anular dano de queda, aumentar dano do ioiô etc.), mas ocupa slots limitados, forçando escolhas táticas.
Sendo um jogo brasileiro, Pipistrello capricha nos diálogos: expressões e gírias típicas elevam o charme e o humor, especialmente ao explorar a cidade viva, repleta de NPCs que revelam segredos, missões e itens escondidos.
Em resumo, Pipistrello and the Cursed Yoyo é a grande surpresa de 2025. Sua jogabilidade ágil e criativa é o ponto alto, enquanto a história simples ganha charme pelos diálogos humorísticos e pela exploração de Nova Voltânia. A inspiração no Game Boy me atrai tanto quanto o fato de ser brasileiro — não deixe este jogo passar despercebido!
Pipistrello and the Cursed Yoyo
SCORE - 8.8
8.8
MUITO BOM
Pipistrello and the Cursed Yoyo surpreende pela combinação de estética retrô e mecânicas modernas, oferecendo uma sensação pura de nostalgia sem abrir mão da fluidez de gameplay. A aventura de Pippit é envolvente e carismática, com diálogos ágeis que trazem leveza e humor tipicamente brasileiros. O uso do ioiô como ferramenta e arma é criativo e divertido, exigindo destreza e timing precisos nas plataformas e combates contra inimigos variados. A árvore de habilidades e o sistema de “bótons” adicionam profundidade estratégica, tornando cada escolha de upgrade significativa. No conjunto, o jogo é um achado emocionante que honra o legado dos portáteis clássicos ao mesmo tempo em que apresenta personalidade e charme próprios.
