Like a Dragon: Infinite Wealth, uma obra prima dos games | Review

O que faz uma franquia realmente boa? Podemos dizer que uma franquia alcançou o sucesso quando a mesma recebe prêmios, quando possui aceitação da maior parte dos fãs, ou quando ela consegue manter seu nome por tantos e tantos anos, assim fez a franquia Yakuza, originalmente lançada em 2005, o jogo viria a se tornar uma das maiores sagas dos vídeo games, não só por conta da enorme quantidade de títulos, mas por ser extremamente cativante, assim chegamos em 2024 com o maior e mais ambicioso jogo da franquia, Like a Dragon: Infinite Wealth.

O Ryu Ga Gotoku Studio mostra que dois dos dragões mais famosos do Japão ainda possuem garras e presas afiadas.

A saga do herói de Yokohama

Personagem principal no jogo responsável por mudar o nome para Like a Dragon nas versões fora do país de origem, Ichiban Kasuga volta como um dos protagonistas do game, agora trabalhando como empreiteiro em uma empresa chamada Hello Work.

O game começa mostrando a rotina de Kasuga, onde ele trabalha para ajudar outros ex-Yakuzas, já que o grupo sofreu uma ruptura.

Com isso, muitos precisam de auxílio para voltar com suas vidas normais, fora do mundo criminoso, Kasuga resolveu ser o Norte para os necessitados.

Por mais que o jogo funcione perfeitamente bem sozinho, ter jogado Yakuza: Like a Dragon e Like a Dragon Gaiden: The Man Who Erased His name, fará a jornada muito mais satisfatória.

Like a Dragon: Infinite Wealth

Isso porque os acontecimentos do jogo possuem ligação direta com estes dois jogos, então fica o aviso de que durante sua jornada, muitas revelações de ambos os games citados anteriormente são entregues.

Kasuga agora vive apenas para ajudar e dar uma vida digna aos antigos membros da Yakuza, alternando com sua própria tentativa de se reerguer.

Kasuga, Nanba e Koichi Adachi, desfrutam da companhia um do outro, tentando ao máximo não se meterem em problemas, claro que não dará certo.

A franquia Like A Dragon nunca teve pressa em contar suas histórias, e isso é admirável, é necessário entender qeu este jogo é gigantesco, sem dúvidas o maior projeto do Ryu Ga Gotoku Studio, então antes de termos ação propriamente dita, vamos sair para festejar com os amigos, ter aulas de como se comportar em um encontro, e muito mais.

Tudo isso ocorre bem no início, seus primeiros minutos são preparativos para a longa jornada que iremos enfrentar.

Sendo assim, o maior conselho que poderia dar aos que vão jogar este jogo é o de não ter pressa, aproveite.

De volta ao jogo

Após termos as primeiras peças devidamente colocadas em seus lugares, é hora de a ação começar, reunido com seus dois amigos, Ichiban se vê obrigado a voltar ao seu antigo modo de ser, onde a pancadaria rola solta.

O combate do game ainda é por turnos, ela agradou muito os fãs, sendo assim, a mecânica retorna, e sinceramente, ela é extremamente bem trabalhada.

O jogo é um RPG e os elementos desse estilo combinaram tão bem com a franquia, que parecem ter sido feitos um para o outro.

Kasuga é o líder do grupo, nossa equipe pode ter até cinco membros, sendo que um desses precisa ficar em espera, os demais vão para a ação.

Quando entramos em modo de combate, cada ação escolhida significa um turno para o personagem, alternando entre heróis e vilões.

Durante o ataque inimigo podemos pressionar botões que diminuem o dano causado ao nosso personagem, permitindo uma maior dinâmica dentro do jogo.

Os inimigos ficam espalhados pelo mapa e em áreas fechadas, como em missões especificas, no mapa aberto quase sempre é possível evitar confrontos.

Em cada oportunidade de ataque, antes o jogador pode analisar o campo de batalha e posicionar melhor os bonecos, para assim tirar melhor proveito de sua vez.

Isso ajuda, pois como um bom RPG, a estratégia conta, não é apenas atacar e atacar, procurar brechas para ataques de oportunidade, saber quando se defender ou usar a cura muda totalmente a forma de lutar.

Os integrantes do grupo possuem habilidades únicas, há o ataque normal, os ataques especiais, magias de cura, habilidades que infligem status negativos nos adversários e as que dão status positivos aos aliados, as combinações ficam melhores a cada novo nível, tornando tudo extremamente empolgante e divertido.

Like a Dragon: Infinite Wealth

A arte da pancadaria franca

Like a Dragon: Infinite Wealth acerta precisamente ao manter o combate por turno, além de extremamente divertido, ele mescla toda originalidade da franquia, incorporando esses elementos dentro das batalhas.

Quando estamos em um cenário repleto de objetos, podemos usá-los como arma e assim causar um dano absurdo nos inimigos, para isso basta prestar atenção ao redor e posicionar bem seu lutador.

A escolha de posição ajuda muito no controle do campo de batalha, podemos arremeçar os inimigos contra a parede ou objetos, causando assim danos extras.

Ou ainda após um combo, se o adversário for enviado na direção de um dos nossos companheiros, ele automaticamente desfere um outro golpe.

Controlar a situação ajuda também no momento de salvar os aliados que precisam de cura, pois a área é limitada, e por vezes nossos personagens ficam espalhados.

O nível do grupo se resume obviamente ao level de cada participante, mas também a seus equipamentos, determinado por seu nível de estrelas.

Like a Dragon: Infinite Wealth

É importante dizer que aqui a progressão de personagem é relativamente fácil, mas há uma certa demora para conseguir bons equipamentos.

Pois precisamos de muito dinheiro para comprar as armas principais, essas que servem de base para criar armas ainda mais fortes.

Como se não bastasse, para deixá-las no level máximo, será necessário mais dinheiro e uma quantidade exorbitante de materiais para forja.

Por isso que devemos explorar e aproveitar bastante cada canto do mapa, para que nosso grupo esteja preparado para os desafios máximos.

Do outro lado do mundo

De acordo com o Google, uma viagem de avião que parte do Japão até o Havaí, demora cerca de sete horas, isso se for direto.

E este local paradisíaco é justamente o destino de Ichiban, que vai em busca em uma importante pessoa, nesse mapa é onde o jogo de fato começa.

É onde iremos encarar os primeiros desafios da jornada, e como todo bom RPG, o Havaí está lotado de coisas para fazer.

Impossível numerar ou dizer a quantidade exata, mas vamos começar pelo básico, por coisas que quem jogou os games antigos vai saber.

Temos o retorno das missões secundárias, uma mais maluca e completamente divertida que a outra, em um momento vamos começar a flertar usando um aplicativo de relacionamento, no outro vamos entregar comida de forma completamente insana, ou até mesmo cuidar de um romance bastante diferente.

Existe muita coisa para fazer, muitos itens para coletar e inimigos para derrotar, parece até que o jogo não tem fim.

Like a Dragon: Infinite Wealth
Sim, é a derrapada do Akira

O melhor de tudo é que essas atividades secundárias possuem um nível de diversão muito alto, não achei nenhuma que me fez cair no tédio, o humor presente na obra, assim como a construção da aventura são impecáveis.

Certamente o jogador terá horas e horas para aproveitar dentro do game.

Um jogo digno de elogios

A parte técnica do jogo é um deleite, com bons gráficos e uma ótima performance no PlayStation 5, as expressões faciais dos personagens impressionam.

Além da boa dublagem, joguei com áudio original, os dubladores entregam emoções verdadeiras e dignas de aplausos, as cenas de ação são extremamente bem coreografas e possuem trechos de tirar o fôlego.

O mundo aberto nos reserva todo o capricho que já conhecemos da saga, os cenários todos muito bem modelados, iluminação impecável e uma trilha sonora maravilhosa.

Durante minha jornada observei poucos bugs, o jogo não travou em nenhum momento e seus carregamentos são quase instantâneos.

Não presenciei queda de frames ou engasgos, se fosse citar algo que se aproxime de um erro, seriam os pedestres que somem quando estamos no meio de uma conversa, mas isso é o de menos.

Prepare-se, Yamai é um dos grandes desafios do jogo,

Forjados no fogo

A progressão de personagem é algo fantástico, não temos apenas os níveis e atributos normais de um RPG, contamos também com a personalidade do protagonista.

Esses atributos aumentam quando realizamos atividades especificas, possuem divisão e cada uma delas pede algo diferente; aumentamos paixão cantando no karaokê, estilo quando comemos em restaurantes, intelecto ao descobrir novas localidades etc.

São diversas atividades para deixar seu personagem forte, para cada atributo da personalidade que aumenta ganhamos algo extra, pode ser resistência para status negativos ou aprimoramento de nossas habilidades especiais, a personalidade é uma das coisas mais importantes no personagem.

Like a Dragon: Infinite Wealth

Outro fator importante no jogo são os vínculos entre os integrantes de cada grupo, este faz com que eles tenham melhor desempenho nas lutas, quando aumentamos o vínculo entre os personagens, adquirimos golpes em equipe, estes que por sua vez são muito poderosos.

Deixar esses níveis completos é uma tarefa que vai exigir um certo tempo do jogador, o que aumenta muito o tempo de campanha do game.

Temos é claro o nível de cada personagem, com a progressão que já conhecemos, quando subimos de nível aumentamos nossa vida, magia, ataque, entre outros.

Porém, em paralelo ao nível do personagem há seu ranque, esse eleva de maneira parcial os status citados anteriormente, mas serve para desbloquear novas habilidades.

Desafios para todos os gostos

Cada personagem começa com uma ocupação, que funciona como as classes já conhecidas por jogadores de RPG, Ichiban por exemplo começa com ocupação de herói.

Kazuma Kiryu tem a ocupação do Dragão de Dojima, e assim cada um tem maneiras diferentes de lutar, possibilitando muitas estratégias para as lutas.

É possível liberar novas ocupações, estas podem ser aplicadas em qualquer um dos lutadores, com elas o personagem usa armas e magias diferentes.

Mas é importante citar que cada ocupação deve o ranque melhorado novamente, as novas não acompanham o nível da anterior.

Outra atividade que carrega todo o humor ácido da franquia são as batalhas de Sujimon, onde você captura outros humanos, estes tidos como “estranhos” e sai em busca de vencer a elite dos quatro (qualquer semelhança com aquele famoso anime não me parece coincidência).

O mini game é mais uma das atividades extras que tomará tempo do jogador, já que os objetivos necessitam de um time forte de Sujimon.

Mas as missões são divertidas, e os tipos novos de Sujimons beiram o ápice da comédia, alguns oferecem um bom desafio de combate.

Mas para aqueles que desejam apenas relaxar, temos a Ilha Dondoko, local afastado do mapa principal no Havaí, onde mudanças de gameplay ocorrem.

Na Ilha Dondoko, temos a missão de limpar todo o lixo e reerguer um famoso resort, aqui o jogo escolhe mudar a forma de jogabilidade, lançando o jogador no que parece ser uma mistura de Legend of Zelda com algum jogo no estilo farming sim.

O objetivo é deixar a ilha da forma mais organizada possível, com missões para limpar o solo, coletar recursos, equipar nossa casa e claro, receber hospedes e batalhar contra vilões.

A lenda dos dois dragões

É impressionante que os roteiristas de Like a Dragon tenham criado um personagem que rivalize com Kazuma Kiryu em termos de carisma, Ichiban Kasuga conseguiu.

Mesmo que ele tenha tido maior espaço em apenas três jogos, seu desenvolvimento faz com que o jogador automaticamente tenha afeição por ele.

Acredito que esta foi uma tarefa difícil para o time responsável por Infinite Wealth, Kiryu é o queridinho dos fãs, mas Kasuga criou teve espaço.

E aqui ele grava de vez seu nome como um dos protagonistas principais da franquia, o texto do jogo é um verdadeiro diamante, passando por momentos cheios de piadas e situações estranhas, até momentos capazes de arrancar lágrimas sinceras, é admirável o carinho que os desenvolvedores demonstram, respeitando o legado e desenhando um belo caminho para o futuro de Like a Dragon.

Sem dúvidas este é o jogo mais belo do Ryu Ga Gotoku Studio, onde colocam todo seu sentimento, vontades mais verdadeiras, uma obra prima.

Mas para a alegria de antigos fãs, Kazuma Kiryu dividirá o protagonismo com Ichiban, e podem ficar tranquilos, em nenhum momento o Dragão de Dojima fica de escanteio, pelo contrário, o que vemos aqui é um presente para todos que jogaram os títulos anteriores.

É um cuidado enorme, uma forma tão respeitosa de tratar o personagem, que não há como sair desse jogo em querer mais dessa aventura.

Kiryu segue trabalhando para a organização que o contratou em Like a Dragon Gaiden, e assim, seu caminho cruza novamente com o de Kasuga.

Uma colossal e emocionante aventura

Like a Dragon: Infinite Wealth é indispensável para todos os jogadores de RPG, que certamente vão adorar cada momento dentro do game.

Um jogo gigantesco e que entrega tudo que prometeu, demorei cerca de sessenta horas para terminar o game na primeira jornada.

Temos o capítulo definitivo da saga, unindo todas as qualidades apresentadas nos títulos anteriores e colocando em um jogo épico, emocionante e verdadeiramente divertido.

Não quero me precipitar, mas talvez demore para aparecer um jogo tão magnifico como esse na saga Like a Dragon, aqui eles entregaram algo único.

Claro que temos a questão de que nem todo mundo gosta de jogos enormes, mas os que gostam irão se deliciar.

O jogo entrega batalhas insanas contra os mais incríveis chefes, personagens carismáticos, momentos de comédia e drama, tudo perfeitamente calculado.

Nada fica de fora, nada parece forçado, tudo flui de maneira natural, um jogo para aproveitar durante horas, até chegarmos no desfecho.

O game trata com cuidado temas fortes como vulnerabilidade dos mais necessitados, a pressão social, rejeição, o julgamento para quem um dia errou na vida.

Sem dúvidas essa é uma jornada que deixará seu lugar na história dos games, espero que os desenvolvedores tenham deixado algo guardado.

LIKE A DRAGON: INFINITE WEALTH

NOTA - 10

10

PERFEITO

"Like a Dragon: Infinite Wealth" mantém a essência da franquia Yakuza, oferecendo combates por turnos bem trabalhados e uma narrativa centrada em Ichiban Kasuga. Com mecânicas clássicas e uma variedade de atividades secundárias, o jogo se destaca como uma adição épica à série, combinando humor, drama

Artigos relacionados

Deixe um comentário

O seu endereço de e-mail não será publicado. Campos obrigatórios são marcados com *