Existem certos jogos que nos fascinam por sua história, ou por seus gráficos maravilhosos, e quando se junta tudo isso, temos um jogo quase perfeito, com efeito terapêutico, esse é o caso de The Talos Principle 2, que traz um toque a mais em sua composição, a genialidade.

Genialidade talvez seja a palavra que mais se enquadra na obra, e eu não digo isso somente por ele ser um jogo de enigmas, mas por conseguir juntar enigmas e filosofia como nunca visto em um vídeo game.

Se 2023 tivemos jogos de ação frenética, survival horror de explodir cabeças, aqui temos o ápice de um jogo calmo, mas que traz questionamentos sobre nossa existência e o que nos faz ser humanos.

Eu, Robô

É complicado dizer que The Talos Principle 2 é um jogo que não vai agradar todo tipo de público, porque sempre podem entender errado.

E não vejo este jogo caindo nas graças de todos, pois como disse no começo deste texto, ele em sua essência é sobre enigmas.

Enigmas esses que deste o começo, vão desafiar o máximo de raciocínio que devemos ter, e você pode e deve se sentir livre para buscar ajuda quando necessário, ou, pode testar o máximo de suas sinapses e descobrir por conta própria.

The Talos Principle 2

Ao começarmos o game, estamos em um local que aparenta ser uma ruína antiga, e uma voz fala com nosso personagem, uma voz divina.

Aqui o jogo prepara o terreno para que o jogador saiba o que vai encontrar, são sequências e mais sequências de quebra-cabeças, todos com uma única função, ensinar o básico de como a jogabilidade funciona.

Se a pessoa achar complicado apenas os enigmas do tutorial, tudo bem, mas saiba que vai ficar ainda mais difícil, essa é a parte boa.

Sabemos que nós controlamos um androide, que nasceu em um local e está recebendo suas primeiras instruções para enfim reencarnar no novo receptáculo.

Algo como no filme Matrix, onde saímos de um mundo para entrar em outro, tudo por meio desta voz misteriosa que nos guia.

O jogo não poupa o jogador de informações, desde o começo temos riqueza em detalhes, no cenário ou no texto extremamente bem escrito.

Pode ser que alguém ache que The Talos Principle 2 vá trazer algo de tirar o fôlego com momentos de ação profunda.

Pane no sistema, alguém me desconfigurou

Não espere algo convencional, aqui tudo segue uma base forte de filosofia, com questionamentos sobre a sociedade e suas crenças.

Neste mundo, nãos existem seres humanos, pelo menos os humanos que conhecemos, aqui os androides se reconhecem como humanos, eles que povoam todo o planeta.

E nesta nova forma de vida, seremos o número 1000, o que de certa forma nos torna especial, todos eles tem numeração como identificação..

Quando enfim saímos do tutorial, somos recebidos pela população de uma vasta e belíssima cidade futurista, que esbanja beleza em sua arquitetura.

E após alguns minutos de diálogos, o que teremos bastante por aqui, vamos nos deparar com nossa primeira missão, explorar uma ilha próxima da cidade.

Esta por sua vez esconde os primeiros de muitos segredos escondidos por The Talos Principle 2, é nela que a coisa começa a ficar de fato interessante.

Nela encontramos os grandes primeiros desafios, enigmas que possuem uma complexidade impressionante, e eu não sou o maior fã de jogos que tenham somente enigmas, mas em muitos jogos existem enigmas em sua composição, mas nada como é mostrado aqui.

Aqui os quebra-cabeças são feitos para que o jogador evolua gradativamente o seu entendimento, na primeira ilha, eles são numerados, mas não é obrigatório seguir a ordem.

Mas, a ordem está aí para que você entenda o básico, se começar de um número avançado, pode ser que não entenda como agir primeiro.

Pois bem, no tutorial, aprendemos que existem formas diferentes de lidar com cada objeto, alguns usados como plataforma, outros nos fazem flutuar etc.

Ao chegar na ilha, a coisa muda de cenários, todos os detalhes apresentados antes, aparecem e se mesclam a novos.

Cabe ao jogador prestar bastante atenção para superar cada um dos desafios, pressa não é bem-vinda aqui, a paciência é fundamental.

Aonde estão meus olhos de robô?

Totalmente comum ficar longos minutos observando e entendendo como tal desafio funciona, a base do jogo necessita de respeito.

Se o jogador entendeu a parte das plataformas, ele encontrará os lasers, se entendeu os lasers, vai encontrar a combinação de cores RGB e assim por diante.

Existem tantas formas de enigmas apresentadas, que fica complicado não ficar perdido no começo, e entendemos depois que tudo pode mudar.

Quando saímos da primeira leva de enigmas, descobrimos que uma grande torre foi materializada na ilha, ao chegarmos lá, temos contato com o primeiro ser sobrenatural (ou pelo menos eu acho que é) do jogo.

Os personagens desta história seguem algo na linha dos seres gregos, e outras entidades religiosas e mitológicas conhecidas.

Em meio aos mistérios do jogo, temos ainda que desvendar o que ocorreu neste mundo, para onde a nova espécie predominante vai.

Por isso que acho The Talos Principle 2 um dos jogos mais diferenciados que consumi, alguns podem até comparar ele com a saga Portal, e mesmo assim, a mais forte das características sejam os enigmas.

Apesar de parecer um jogo parado, ele instiga o personagem muito bem em seguir explorando e mantém a curiosidade do jogador ativa o tempo todo.

Além da genialidade por trás dos desafios, a obra consiste em uma excelente direção de arte e um level design bastante competente.

A trilha sonora é bastante tímida, creio que escolhida a dedo, com melodias que se casam com o ambiente e com o estilo de jogo.

The Talos Principle 2

The Talos Principle 2 se mostra um dos melhores jogos do estilo Puzzle, certamente o melhor de 2023, capaz de derreter mentes e instigar até mesmo o mais casual dos jogadores.

Análise feita com base em uma cópia cedida pela Devolver Digital, agradecemos pela oportunidade.