Tales of Arise: Beyond the Dawn é DLC poderosa e problemática

O trabalho que Tales of Arise: Beyond the Dawn faz é tanto louvável quanto preguiçoso. Porém, antes de qualquer coisa, você não precisa ter experimentado o jogo original para desfrutar da DLC. O jogador poderá se aventurar pelo pacote de conteúdo adicional mesmo que desconheça Tales of Arise completamente. Claro que, ao mesmo tempo, os personagens do jogo de setembro de 2021 estão todos de volta. Assim, para melhor se apreciar a expansão, é aconselhável ter se aventurado em ToA.

E se você esteve receoso em algum momento quanto à qualidade da DLC, tranquilize-se. Beyond the Dawn consegue aproveitar e reproduzir todos os pontos fortes da obra base. Dessa forma, se você é um fã de ToA, Beyond the Dawn é feito na medida para você. As cerca de 15h de jogo possuem tudo o que deu certo antes com o aditivo de um pequeno salto gráfico. Além do mais, a maior qualidade de Beyond the Dawn resiste justamente — e infelizmente — naquilo que também podemos considerar o seu grande problema: Nazamil.

Tales of Arise: A força de Nazamil

Essencialmente, a DLC segue contando a história do ponto geopolítico no qual ela havia parado em ToA. O único hiato entre a obra base e a expansão é um período de um ano. O um ano é o tempo desde que Dahna e Rehna, os dois mundos rivais, fundiram-se. Para quem teve a oportunidade de conhecer o interessante primeiro jogo, Dahna e Rehna eram forças opostas que viviam em uma espécie de conflito político-social.

Assim, coube a Alphen, o Máscara de Ferro, e Shionne, uma rehnana, unirem-se nada amigavelmente para por fim ao conflito de três séculos. Com a fundição realizada, mais que uma união por empatia, realizou-se a união por imposição das circunstâncias. Era o que poderia ser, como foi possível ser. A necessidade política se impôs à preparação e aceitação dos habitantes dos dois mundos.

E é partindo deste princípio de diplomacia forçada que Tales of Arise: Beyond the Dawn inicia-se. Na trama, Alphen e Shionne, agora aliados, precisam ir ao encontro de uma jovem perdida chamada Nazamil. Entretanto, o que era para ser apenas um simples resgate, muda radicalmente a vida dos três personagens principais, dos outros que compõem o grupo e também do novo mundo e dos seus habitantes.

Nazamil, refém das suas próprias condições de nascença, é filha de um lorde rehnano com uma simples cidadã de Dahna. Por si só, isso a põe em uma condição indesejável. Ela, por ter esta dupla nacionalidade, nunca conseguiu ser aceita nem por um povo e nem pelo outro. Tendo vivido em uma espécie de limbo sentimental e geográfico, Nazamil não sabe como se portar diante das pessoas, pois ódio e estranheza foram as únicas coisas que ela sempre recebeu.

Ao encontrar Alphen, Shionne e os demais personagens da equipe, quase todos outrora inimigos que aprenderam a conviver e apoiar um ao outro, Nazamil é finalmente aceita.

Nazamil merecia mais

É uma pena que a principal adição de Tales of Arise: Beyond the Dawn seja apenas à história, e não à jogabilidade. Nazamil é uma daquelas personagens complexas e que certamente poderia ser mais e melhor explorada. Transitar por objetivos principais e side quests com ela poderia ser um belo incremento. Afinal, para além de ser uma personagem bastante complexa, Nazamil é, também, poderosíssima. Portanto, não foram os poucos os momentos em que o jogo deu a impressão de que poderíamos tê-la em definitivo no grupo.

Pelo contrário. De tempos em tempos, repetitiva e infelizmente, a personagem sai e volta ao grupo. Faltou, assim, uma adesão ou exclusão definitiva. Além disso, a impressão que fica é que o eterno retorno de Nazamil é uma decisão preguiçosa de roteiro. Ao não saber o que exatamente fazer com ela, toma-se a decisão de realizar um ciclo sem fim de idas e voltas.

Por outro lado, é positivo que Beyond the Dawn seja apenas uma DLC, e não um novo jogo. Sabemos bem que, com a intenção de faturar ainda mais dinheiro, muitas empresas ousariam transformar uma DLC de cerca de 12 a 16 horas em uma continuação ou um novo jogo paralelo. Com isso, venderiam a obra com um preço cheio. Por sorte, não é o que acontece. Beyond the Dawn, se não está no melhor dos preços possíveis, ao menos está bem longe de ter um preço cheio.

E se a narrativa peca com relação à indecisão sobre Nazamil, ao menos a história contada é forte, delicada e profunda, fortalecendo o primeiro jogo e todo o seu desenrolar.

Tales of Arise 2?

Há diversas formas interessantes que poderíamos usar para falarmos sobre Tales of Arise: Beyond the Dawn. Todavia, é preciso dizer que esta DLC é um complemento absurdamente interessante para o jogo base. Afinal, tudo que foi estabelecido no jogo original, e que saiu em setembro de 2021, teve um aprofundamento na DLC.

A longevidade da franquia, que em 2025 completará 30 anos, é mais uma prova da importância e do enorme sucesso dos JRPGs (jogos japoneses do gênero RPG). Como ToA se saiu muito bem em termos de vendas, é possível crer que tenhamos, após Beyond the Dawn, notícias sobre o próximo capítulo da saga Tales of por volta do ano que vem.

Se houvesse o mesmo cuidado que houve no desenvolvimento inicial do pano de fundo de Nazamil e da trama política e social do jogo e da expansão, seria interessante ver o anúncio de um Tales of Arise 2.

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