Sempre falamos por aqui que os indie games possuem uma carga de carinho e cuidado maior que muitos títulos AAA, não quero afirmar aqui o motivo pelo qual isso acontece, mas se fosse apostar em algo, diria que é a jornada árdua e longa que os desenvolvedores independentes enfrentam, Saviorless possui tudo isso que comentei e mais, é a prova de que a determinação pode superar barreiras e lançar no mundo uma obra de arte digna de admiração.
Desenvolvido pela Empty Head Games, a obra enfrentou mais do que os clássicos problemas envolvendo a confecção de um game, mas situações sociais, frequentes privações de eletricidade e mais, após oito anos a obra ganhou vida.
Os três narradores
A história começa com três narradores que possuem a missão de guiar o jogador na história principal, eles apresentam e contam os atos que ocorrem, moldando a narrativa durante todo o jogo. É aí que conhecemos Antar, protagonista e “herói” do nosso jogo, escrevo em aspas pois é uma imagem que tem interpretação variada.
Antar é um jovem que se vê em uma missão nada fácil, agora sua jornada se encontra nas mãos de narradores poderosos.
Os seres que contam a história assumem uma posição quase divina dentro do game, ciente de tudo o que ocorre e com quem ocorre.
O game aborda elementos que lembram contos de fadas feito para gente grande, aos poucos a história cria um tom macabro que apenas aumenta.
O objetivo principal é escapar de um local chamado de A Ilha dos Sorrisos, superando desafios e entendendo aos poucos a brutal história.
Saviorless mescla elementos que lembram muitos games de plataforma, principalmente Limbo, tanto em sua narrativa, como em sua jogabilidade focada em fases dotadas de complexidade.
O game é uma aventura de plataforma, onde o jogador precisa resolver alguns enigmas e enfrentar inimigos fortes em espécies de batalhas de chefe, o que torna o desafio complicado é a fragilidade do protagonista, apenas um golpe significa fim de jogo.
A tentativa e erro se faz presente durante toda a obra, onde o carregamento rápido não nos deixa cair na frustração por falhar diversas vezes.
Quem nos salva no fim?
Em Saviorless o jogador precisa encarar fases que podem parecer complicadas à primeira vista, mas pedem apenas atenção.
Assim como mencionei, a semelhança com Limbo é grande, então espero momentos que exigem reflexo rápido do jogador, diversos momentos com enigmas mortais, armadilhas e embates com criaturas grotescas recheiam o jogo.
O maior desafio de Saviorless é justamente coletar as famosas páginas de narração, que possuem importância maior ao fim do game.
A arte do jogo e a trilha sonora transbordam nossos sentidos e despertam sentimentos de admiração e emoção genuína, em certos momentos, a trilha sonora encaixa de forma brilhante e empolga o jogador.
Os cenários são belíssimos e variados, passamos por cavernas, florestas, templos etc. Existem fases aquáticas e muitos momentos de fuga onde o reflexo mais uma vez se torna o melhor amigo do gamer.
Entretanto, alguns comandos precisam de uma leve repaginada, como quando nosso boneco apenas desse uma escada do nada gerando uma derrota.
Ou o salto que as vezes falha, levando apenas para um golpe seco e sem efeito no botão do controle.
Outra coisa que precisa de revisão é a hitbox de certos inimigos, uns possuem boa e satisfatória movimentação, outros acertam em distâncias que pareciam seguras.
Mas nada que afaste a experiência final do jogador, muito menos faça com que o jogo se torne algo maçante.
Entregue-se ao destino
Saviorless nos apresenta uma variedade boa de inimigos, onde cada fase traz novos e únicos combates.
Os monstros possuem aparência assustadora e design inteligente, prontos para dar trabalho para nosso jogador, cada criatura lembram seres da saga Silent Hill e obras de H.P Lovecraft.
O ponto mais negativo do game é justamente seu tempo de duração, podemos chegar ao fim do game em pouco menos de cinco horas.
Claro, vai depender de cada jogador, e como cada um se adapta aos desafios, que não possuem tanta dificuldade, mas como falei, atenção é necessária.
Com momentos de combate intenso, uma história envolvente e misteriosa, Saviorless faz valer sua espera, extremamente indicado para fãs de indie games.
Análise feita com base em uma cópia enviada pela Empty Head Games, agradecemos a confiança.
Saviorless
Bom - 8
8
Bom
A primeira obra cubana indie chega com o pé direito, entregando uma arte fantástica e uma história misteriosa e instigante, certamente vai prender a maioria dos jogadores até o fim.