“Clássico é clássico e vice-versa”. Esta frase, folclórica no meio do futebol, na realidade, nunca foi dita. Seu autor, o ex-jogador Jardel, nega que alguma vez tenha escrito ou dito isto. Pois bem, em todo caso, ela nos serve agora. Em 1997, a continuação de um jogo que entrou para a história era lançado: Quake 2. E agora, em pleno 2023, mostrando que clássico é clássico e vice-versa, foi lançada uma versão melhorada do game.

E se há uma franquia que profundamente ecoa na história dos jogos de tiro em primeira pessoa (FPS), é Quake. A continuação do original foi lançada à época para plataformas como PCs, Playstation e o Nintendo 64. Desenvolvido pela ID Software (Wolfenstein, Doom, Rage), Quake contribuiu na confecção de um alto padrão para os FPS.

Este padrão contava com um gameplay baseado em ação frenética, ambientes sombrios, o militarismo e uma jogabilidade desafiadora. Agora, com a chegada da versão aprimorada de Quake 2, jogadores do mundo poderão entender porque ele é o que é.

O retorno de Quake 2

Para quem estar acostumado com os gráficos da geração atual, o Quake II (2023) pode parecer datado ou graficamente pobre. Contudo, uma rápida comparação com o jogo original, lançado há 26 anos, atesta a evolução.

Ainda assim, a ID Software poderia ser acusada de ter feito apenas alguns aprimoramentos gráficos e pronto. E não é o caso, mais uma vez. Apesar da melhoria gráfica existir, afinal, é o mínimo que se espera, há mais ainda.

E o a mais contido na versão recém lançada, vejam só, é uma compilação bastante generosa. São adições que nenhum fã da franquia poderia reclamar e, claro, também com um preço generoso. Em tempos de jogos supercaros, edições Gold, Premium, Ultimate, Complete e mais, este Quake inova.

As versões para PS4, PS5, Switch, Epic Games Store e Steam estão saindo por R$ 29,99. Enquanto isso, a versão para o Xbox One e Xbox Series S e X saem por R$ 29,95. Além disso, se você é assinante Game Pass, você pode instalar agora mesmo o seu jogo, pois ele está lá.

O que já era bom, ficou melhor

Para começar a falar sobre o que temos de novo, precisamos garantir que também teremos a experiência original. E sim, teremos. Desta vez com suporte para a resolução até 4K (dependendo de cada plataforma), a experiência original foi aprimorada. Além disso, em widescreen, algo inexistente quando do lançamento do game.

Os personagens vêm com melhoramentos em seus modelos e animações, bem como no comportamento da inteligência artificial. Outra melhoria que pode ser percebida foi nas cinemáticas em CG, que contam também, assim como in-game, com iluminação dinâmica.

Outra coisa que volta em total plenitude, aliás, é a dificuldade. Mesmo jogando no nível médio, para quem acostumou-se com os jogos atuais, terá uma grande surpresa com este jogo.

Quem também está de volta são os pacotes extras de missões originais. The Reckoning, com 18 níveis de campanha e 7 mapas Deathmatch, e Ground Zero, com 15 níveis de campanha e 14 mapas Deathmatch.

Em The Reckoning, o jogador é parte de uma unidade de elite que terá de se infiltrar numa base Strogg, a raça inimiga do jogo. Já em Ground Zero, seu personagem, junto com outros fuzileiros, conseguiram chegar à superfície de Stroggos. Todavia, o Poço da Gravidade, a nova artimanha dos Stroggs, está funcionando com toda força. Seu objetivo é salvar outros membros, destruir o Poço e aniquilar os Stroggs.

Ainda não acabou. Call of the Machine, nova expansão desta versão, terá 28 níveis de campanha e 1 mapa Deathmatch. Perdeu-se na somatória de quantas fases vêm no pacote? Pois a compilação conta ainda com Quake 2 64 e suas 19 fases de campanha e 10 mapas Deathmatch.

Para deixar esta campanha ainda mais especial, a versão do 64 possui uma trilha sonora extra.

Veredito

Nem tudo é perfeito, infelizmente. Ainda existem alguns elementos gráficos que poderiam ser melhorados, como a roda de acesso às armas e itens, bastante lenta e aquém (ao menos se jogando com o joystick) do normal.

É de se estranhar, também, que tudo já venha liberado. Logo de cara, o jogador pode jogar em qualquer fase, da primeira até a última de cada campanha. O jogador perde a expectativa e a emoção da descoberta, com isso.

No mais, o jogo consegue divertir pelo desafio, no entanto, e com razão de ser, percebe-se que algumas coisas ficaram datadas. É natural, afinal, estamos falando de uma obra que saiu em 1997, e que começou a ser produzida antes disso, certamente. De lá para cá, o gênero dos FPS evoluiu e se diversificou.

Ainda assim, o jogo vale a investida pelo preço e a jogatina pela curiosidade em sabermos como um clássico vira um clássico.