Em 2024, a Ubisoft decidiu dar um toque especial à sua clássica saga de ação e plataforma, colaborando com o aclamado estúdio francês Evil Empire, conhecido por seu excelente trabalho em Dead Cells. A parceria resultou em The Rogue Prince of Persia. Desde seu anúncio, automaticamente muitos fãs do gênero esfregaram as mãos, não só pelo fato de ser um novo título da Evil Empire, mas pelo fato de que é Evil Empire trabalhando com uma das IP’s mais famosas do gênero de ação e plataforma.

The Rogue Prince of Persia nos apresenta a um príncipe que retorna à sua terra natal apenas para descobrir que ela foi devastada pelo exército Hun. Armado apenas com sua agilidade e habilidades de combate, ele se lança em uma missão para encontrar sobreviventes e respostas. Uma premissa intrigante que se aprofunda ainda mais com a mecânica de loop temporal: cada vez que o príncipe é derrotado, ele volta no tempo para três dias após a invasão dos hunos. Isso cria uma dinâmica interessante, que me manteve apto a aprender com meus erros e adaptar minhas estratégias a cada novo ciclo. 

Apesar de ficar bem interessado na história assim que ela me foi apresentada, confesso que alguns pontos da narrativa ainda não me convenceram o suficiente. Por outro lado, acredito que esse é um ponto no qual haverá melhorias ao longo do desenvolvimento do jogo neste acesso antecipado, portanto será interessante ver o desenrolar dessa história ao longo dos meses com mais atualizações de conteúdo.

O loop temporal é um elemento central na jogabilidade de The Rogue Prince of Persia. A cada morte, o príncipe retorna a um ponto específico no tempo, trazendo consigo o conhecimento adquirido nas tentativas anteriores. O fato de a própria lore da obra Prince of Persia no geral casar perfeitamente com o gênero roguelite, mantém ainda mais o ótimo loop de gameplay do jogo. Essa mecânica não só aumenta a rejogabilidade, mas também adiciona uma camada de estratégia ao jogo. 

Por falar em jogabilidade, essa é sem dúvida a característica mais marcante de The Rogue Prince of Persia. Não é preciso de muito tempo, basta 2 minutinhos controlando o príncipe, que você rapidamente irá se apaixonar pelos controles e a variedade de gameplay. Utilizando um esquema de controle relativamente simples, o jogo permite que o jogador execute uma variedade de movimentos acrobáticos com facilidade. Saltar entre plataformas, correr pelas paredes e realizar piruetas são ações naturais para o príncipe, proporcionando uma sensação de liberdade e agilidade. Sem sombra de dúvidas, o estúdio Evil Empire trouxe toda sua experiência de Dead Cells e aprimorou aqui para combinar com as características de Prince of Persia.

O combate é igualmente satisfatório, combinando ataques com armas tradicionais e especiais. A simplicidade dos controles esconde uma profundidade estratégica, onde o jogador deve aproveitar a agilidade do príncipe, os cenários e os próprios inimigos para vencer. Empurre os inimigos contra paredes de espinhos, ou simplesmente os joguem precipício abaixo, chute-os em outros inimigos mais fortes com escudo para quebrar o escudo, e siga o flow rápido e fluído desse bom combate. É como se você estivesse em um jogo de ritmo, onde cada ação do jogador em combate, resulta em uma bela cena.

Uma adição interessante em The Rogue Prince of Persia é o sistema de amuletos. Cada amuleto oferece efeitos específicos, como explosões de veneno, chamas no chão, lançamento de adagas, recuperação de energia, entre outros. O jogador tem quatro slots para equipar esses amuletos, e a disposição deles pode potencializar seus efeitos. Esse sistema funciona como um quebra-cabeça estratégico, onde a escolha e posicionamento dos amuletos podem fazer uma grande diferença no desempenho do jogador. 

É nesse momento em que entra uma parte do roguelite na qual muitos são apaixonados: montar a build perfeita. Graças a esse esquema de puzzle onde determinado amuleto irá dar um buff nos amuletos adjacentes, você precisa pensar com cuidado onde colocá-lo para conseguir os melhores efeitos possíveis nos atributos desejados. Com isso bem executado, as runs podem se tornar ainda mais interessantes.

Os níveis em The Rogue Prince of Persia são gerados proceduralmente, garantindo que cada jogo seja único, como de costume do gênero. Cada bioma possui características distintas, tornando-os facilmente reconhecíveis. Confesso que nesse estágio inicial do acesso antecipado, o design dos níveis não me atingiu da mesma forma marcante de Dead Cells. Um dos pontos mais altos dos níveis, são alguns desafios de plataforma e parkour, que ao chegar no final, você é contemplado com um baú cheio de itens e amuletos. Apesar de ter adorado esses desafios, eu senti que eles normalmente se repetem principalmente em relação a level design. 

Explorar os níveis não é apenas uma questão de sobrevivência, mas também de descoberta. O jogador pode encontrar pistas e personagens que revelam mais sobre a história e fornecem informações valiosas para derrotar os hunos. O “mapa mental” é uma ferramenta útil que ajuda o jogador a acompanhar todos os personagens e pistas encontradas, incentivando uma exploração meticulosa.

Os encontros com chefes em The Rogue Prince of Persia são momentos onde você realmente precisará se curvar na poltrona e se concentrar na batalha. Cada chefe é bem desenhado, com padrões de ataque que devem ser memorizados e evitados. Esses combates exigem o uso de todas as habilidades do príncipe, desde saltos e corridas nas paredes até ataques e chutes. A dificuldade crescente desses encontros garante que cada vitória seja gratificante. Confesso que em alguns momentos aquele pensamento intrusivo de jogar o controle na parede passou bastante pela minha cabeça. Faz parte.

A direção de arte de The Rogue Prince of Persia pode não agradar a todos à primeira vista -o que não foi o meu caso, eu amei!-, mas ele cresce no jogador com o tempo. Os cenários são belos e as animações do príncipe são fluidas, como já citado acima. Para fãs de quadrinhos, mais precisamente do artista francês Jean Giraud(Moebiuis), a identidade visual de The Rogue Prince of Persia é um prato cheio. A trilha sonora é outro ponto forte, combinando ritmos persas com gêneros modernos como o trap. Mesmo para aqueles que não são fãs desses gêneros musicais, ainda assim se sentirá imerso à ambientação do jogo.

Apesar de estar em acesso antecipado, The Rogue Prince of Persia impressiona pelo seu polimento e desempenho. Pude testar o jogo em um computador com boas configurações e em um Steam Deck. O jogo se mostrou estável e fluido, mesmo nessas configurações de hardware variadas. Essa estabilidade é um indicativo promissor do que podemos esperar na versão final.

The Rogue Prince of Persia é um jogo que captura a essência do gênero roguelite, adicionando elementos de ação e plataformas que remetem à franquia original Prince of Persia. A colaboração entre a Ubisoft e o Evil Empire resultou em uma experiência de jogo que ao mesmo tempo é familiar, também é inovadora. Com sua jogabilidade fluida, sistema estratégico de amuletos e uma narrativa que a princípio, te prende, The Rogue Prince of Persia tem potencial para ser um belo exemplar do gênero. Se os desenvolvedores continuarem a polir e expandir o conteúdo, temos aqui um candidato a clássico moderno. 

O jogo está disponível em acesso antecipado na Steam e após o lançamento final deve chegar nas prateleiras digitais das principais plataformas.