Até o presente momento, 2024 não deve nada para o ano anterior no quesito jogos de qualidade, já tivemos bons títulos e estamos apenas no segundo mês do ano, e isso é ótimo. Para quem não gosta muito dos jogos que tenham carro como foco, Pacific Drive chegou como uma agradável surpresa, desenvolvido pela Ironwood Studios e publicado pela Kepler Interactive, o game nos leva em uma experiência extremamente divertida, com um ar de mistério e mecânicas prazerosas de gameplays.

Pacific Drive

Tem que voar, que o diabo quer beber…

O game se passa no ano de 1998 e acompanhamos um motorista desconhecidos que tenta passar por uma região localizada ao noroeste do Pacífico, a estrada conhecida como Olympic Exclusion Zone, onde nos anos 60 estranhos fenômenos surgiram, envolvendo o local em mistério e solidão total.

Nossa viagem acaba quando uma tempestade nos acerta e vamos parar em outro local, perdido e sem entender nada, somos guiados até uma garagem, esta que se torna nosso local seguro durante as aventuras.

A princípio o jogo parece apenas uma obra de ir do ponto A ao B, coletar recursos e aproveitar as breves viagens na estrada.

Mas logo percebemos que Pacific Drive traz uma história repleta de mistérios, o que de cara nos desperta uma curiosidade genuína.

Durante muito tempo, nosso personagem tem contato apenas com Oppy e seus ajudantes, estes que conversam apenas por rádio com o motorista, já que é extremamente perigoso dirigir até a Zona de Exclusão.

Eles explicam o que ocorreu e porque o local foi evacuado pelo governo, logo descobrimos que de alguma forma, nosso carro não sofre tanto com as anomalias do local, o que nos torna os principais ajudantes daquele grupo.

Nem um trator vai conseguir passar por cima

A principal arma que temos para superar a Olympic Exclusion Zone é nosso carro, ele é o protagonista do jogo, uma máquina que devemos cuidar com carinho.

O jogo avança através de viagens para locais específicos determinados por Oppy, esta que dará as missões que vemos cumprir.

A cada nova viagem, devemos realizar objetivos já estabelecidos ou apenas sair em busca de recursos, e recursos são extremamente essenciais em Pacific Drive.

Entretanto, não só de rodar vive nosso motorista, é preciso correr certos riscos, após entrarmos na Zona de Exclusão, a única forma de sair é através de um portal no espaço tempo, este que por sua vez aparece quando coletamos orbes e colocamos em uma engenhoca acoplada no banco do passageiro, algo como um Capacitor de Fluxo do filme De Volta Para o Futuro.

Pacific Drive

Após realizar isso, o ponto de extração aparece e devemos dirigir o mais rápido possível para o local, e assim voltar para a garagem.

Ao iniciarmos o processo de fuga, uma enorme área começa a gerar uma tempestade radioativa, o que torna a corrida um tanto frenética.

Quando voltamos para nosso refúgio, quase sempre nosso carro terá que passar por reparos, lataria, motor, bateria, rodas etc. Não recomendo sair com o carro sem consertar acima de 90%, principalmente nas primeiras horas de jogo.

Quanto mais estrago, maior quantidade de recursos, por isso que devemos sempre coletar o máximo de itens e deixar nossa garagem abastecida.

Para onde vamos, não precisamos de estradas

Na garagem é onde a mágica acontece, apesar de termos uma mesa de criação portátil, é na garagem que iremos liberar os principais projetos para nosso carro.

E são muitas, mas muitas opções mesmo, no começo pode parecer confuso, mas com o tempo vamos aprendendo como o jogo funciona.

Temos melhorias de carroceria, rodas, motor, pintura, maior espaço para itens, ferramentas e muitas outras.

Cada uma conta com níveis, estes que dão maior resistência ao veículo, além de deixá-lo mais rápido e mais bem equipado.

Para liberar os níveis avançados do que seria a armadura do carro, devemos cumprir certos requisitos, o que obriga o jogador a explorar melhor os cenários.

Pois após superarmos certos níveis, as coisas ficam complicadas e é muito difícil do carro voltar em bom estado para a garagem, isso quando voltamos.

Porém, é necessário dizer que o jogo possui opções que facilitam a vida do jogador, como menor punição ao falhar, cada um molda sua experiência, o que é bem legal.

Conforme nosso carro melhora, muitas coisas surgem para ajudar nosso jogador, habilidades especiais também contam, o que deixa a experiência muito mais marcante.

Mas saiba que este processo leva tempo, Pacific Drive é como um grande e misterioso jogo de sobrevivência e gerenciamento de recurso.

Vale lembrar que não só o carro precisa de atenção, fabricar e nos equipar com ferramentas de sobrevivência pode decidir o sucesso de uma viagem.

A palavra é imersão

Quando Pacific Drive surgiu em seu primeiro trailer, confesso que não me despertou tanta curiosidade.

Isso porque como mencionei, não sou tão fã assim de jogos que possuem carros como foco, mas após detalhes do game aparecerem, fui convencido de que ele era algo mais.

É um jogo de sobrevivência, com leves elementos de RPG e um tom de mistério delicioso, com uma narrativa envolvente.

Claro que isso só se torna possível quando temos desenvolvedores decididos a criar algo realmente bom.

E para um indie game de estreia do estúdio, é um feito realmente impressionante, certo de que ele figura entre os jogos independentes do ano em futuras listas.

Fazer um jogo sobre uma estrada misteriosa, onde nosso carro é praticamente o protagonista principal não me parece algo simples.

Minha principal dúvida era de como que eles deixariam a HUD dentro do veículo, algo agradável, e o mais importante, claro o suficiente para não gerar confusão ao jogador, o resultado não poderia ser melhor.

Mesmo quem nunca dirigiu na vida, certas coisas nós sabemos sobre o interior de um carro, como velocímetro, luzes, limpadores de para-brisas etc.

Todas as informações que precisamos surgem de forma orgânica, inseridas sem necessidade aparecerem em outro local que não seja o próprio carro.

Deseja saber quanto lhe resta de combustível, está ali perto do volante, bateria? No lado esquerdo há o visor indicando.

Indicadores de luzes acesas, informações sobre a saúde do carro e de suas peças, mapa, tudo ali dentro da cabine do motorista.

Alguns jogadores podem achar complicado termos o minimapa no banco do carona, o que nos obriga a tirar os olhos da estrada para consultá-lo.

Mas logo isso se torna parte da experiência de Pacific Drive, e no fim deixa de ser irritante e vira um bom desafio.

Tanque cheio, pé embaixo, não me pega mais

E a imersão não se limita apenas no ato de dirigir o carro, para cada novo mapa que iremos desbravar, as chamadas anomalias ficam com a missão de dificultar nossa jornada.

E elas possuem formas e tipos variados, podem vir como pequenas máquinas que giram e se prendem ao veículo causando danos.

Outras prendem nosso carro e nos jogam em armadilhas, algumas usam o solo para se locomover e destruir nossos pneus.

Mas as que considero mais perigosas, essas que aparecem com maior frequência, mudam a geografia e o clima do cenário.

Apesar de perigosas, elas causam os efeitos mais lindos do jogo, tempestades de raios, ventanias e elevações violentas do solo.

Pacific Drive

Não há nada tão desesperador do que visualizar uma mancha verde no mapa e perceber que ela chega cada vez mais perto de nosso personagem.

Os efeitos da chuva, de mini terremotos deixam as jornadas cheias de adrenalina, é impossível não querer enfrentar os desafios novamente, mesmo que eles representem perder tudo que coletamos na aventura.

O design de som é uma pérola, jogar com um bom sistema de som ou um excelente fone de ouvido torna mais completa nossa imersão.

Os comandos respondem bem e o game roda em suaves 60fps no PlayStation 5, loads curtos, bons uso dos recursos do DualSense, como feedback háptico.

Mas Pacific Drive peca em não disponibilizar textos em nosso idioma, o que pode afastar alguns jogadores.

São muitas informações para absorver, uma história um tanto quanto complexa, não entender o que é dito ou escrito, deixa uma parte do jogo para trás.

Mesmo que tenha uma correção, não custaria ter lançado já com textos em português do Brasil, visto que muitos outros idiomas aparecem na obra.

É bom saber que obras assim ainda possuem espaço e chance de conquistar novos públicos, o vídeo game precisa que mostrem que nem tudo está perdido.

Análise feita com base em uma cópia cedida pela Kepler Interactive, agradecemos pela confiança e oportunidade.

Pacific Drive

PACIFIC DRIVE

NOTA - 9.3

9.3

ÓTIMO

Juntando uma excelente mecânica de gerenciamento de recursos, com uma história envolvente e divertida, além de ótimos comandos na direção, a obra é perfeita para jogadores que não possuem pressa em seguir para o outro nível. O jogo nos leva quase que para um filme de estrada jogável, misturado com alguma série de ficção cientifica dos anos 80.