Outcast deixou sua marca na indústria de videogames quando foi lançado em 1999 como um título que definiu alguns padrões para aventuras de mundo aberto naquele momento. Agora, após um remake lançado em 2017 bem contido, eles retornam com “Outcast – A New Beginning”, uma sequência muito aguardada que mergulha os jogadores novamente no mundo alienígena de Adelpha.

Outcast – A New Beginning” marca o retorno do herói Cutter Slade, cuja jornada o leva de volta a Adelpha. Com a memória apagada, Cutter se vê novamente no papel de salvador de um planeta devastado pela guerra e pela ganância. A narrativa complexa e não linear do jogo permite aos jogadores explorarem o mundo de Adelpha de forma única, interagindo com os habitantes locais e descobrindo os segredos do planeta. Esse mundo aberto porém, talvez possa pegar desprevenido alguns jogadores que possam imaginá-lo como um verdadeiro RPG, quando na verdade, trata-se de um genuíno jogo de aventura tradicional, com alguns ajustes para aplicá-lo à modernidade.

Adelpha é um mundo vivo e exuberante, repleto de vida selvagem e paisagens deslumbrantes. Os jogadores têm liberdade total para explorar este mundo vasto e diversificado, usando um jetpack para atravessar terrenos difíceis e descobrir locais escondidos. Cada canto de Adelpha parece, pelo menos nas primeiras horas de gameplay, revelar surpresas e desafios, tornando a exploração uma experiência que passa a impressão de recompensa pela exploração ao jogador.

Essa magia, infelizmente, acaba após algumas horas no jogo. Após passar por alguns biomas, você vai perceber que a variedade de atividades, missões e inimigos, são na prática, bem limitadas e repetitivas. Algumas missões, como de escolta de comboi, são interessantes no início, mas depois torna-se apenas uma maneira de manter o jogador sob trilhos e levando muito tempo para completar coisas simples.

À medida que avançam na história, os jogadores podem personalizar Cutter Slade com novas armas, habilidades e equipamentos. A progressão do personagem é crucial para enfrentar os desafios cada vez maiores que se apresentam, tornando a escolha de upgrades e melhorias uma parte essencial da jogabilidade. Você pode desbloquear melhorias com recursos encontrados dentro do jogo, mas não necessariamente, com experiências de missões, já que como mencionado, não se trata de um RPG.

É possível desbloquear novas tecnologias ao encontrá-las em baús, que normalmente estão localizados em bases inimigas que são bem protegidas e pode te oferecer um perigo maior. Infelizmente o level design dessas bases são repetitivas já a partir da segunda que você frequenta, independente da ordem.

O combate em “Outcast – A New Beginning” é simples, mas funciona direitinho. Ele permite que você use duas armas, sendo uma pistola e a outra um fuzil. Além do combate à distância com essas armas, é possível dar um golpe corpo-a-corpo, que diga-se de passagem, é extremamente travado e tem uma animação demasiadamente longa e que muda até a perspectiva da câmera.

O desenvolvimento de Outcast – A New Beggining reúne veteranos da equipe original de 1999, que se unem a novos talentos que compartilham o amor pelo planeta Adelpha. Essa mescla de experiência e entusiasmo garante uma recriação autêntica e inovadora do universo que conquistou jogadores há mais de duas décadas. É nessa construção de mundo e de biodiversidade, que o jogo realmente consegue brilhar.

A história é um clichê padrão de ficção científica onde um ser humano é nomeado para salvar um povo de outra civilização. A sua forma de contar essa história, por sua vez, é bem interessante, pois não se torna linear. Você terá várias vilas e aldeias nas quais cada uma terá uma função clara no decorrer do jogo. Essas vilas contém missões principais, pedidos, recados, missões secundárias e algumas outras atividades. Realizar as missões principais de cada vila, é o que faz a história avançar.

Em termos técnicos, “Outcast – A New Beginning” apresenta gráficos bem aprimorados em relação ao remake de 2017 e uma trilha sonora que não se torna repetitiva, o que é um ponto positivo para jogos de mundo aberto. Os cenários de Adelpha são visualmente deslumbrantes, com uma atenção meticulosa aos detalhes que tornam o mundo do jogo ainda mais imersivo com aquele sentimento de voltar a uma jornada nostálgica. No entanto, alguns problemas de desempenho no PC podem ser encontrados, especialmente em ambientes mais densos. Nos consoles o jogo também sofreu com alguns problemas, mas que foi corrigido após alguns patches.

“Outcast – A New Beginning” é uma adição bem-vinda à franquia, oferecendo uma experiência bem equilibrada naquilo que se propõe. O estúdio demonstra um grande carinho pela obra, mas ainda parece estar se reencontrando. Embora não alcance o mesmo status icônico do original, o jogo captura a essência da série e aprimora diversos aspectos para uma experiência mais moderna. Para os fãs da franquia, “Outcast – A New Beginning” é uma jornada imperdível, pois entrega exatamente aquela sensação do jogo original. Para quem pretende jogar um jogo da franquia pela primeira vez, ainda assim recomendo começar justamente por este aqui. Disponível para PS5, Xbox Series X/S e PC, é uma oportunidade de explorar, descobrir e se perder em Adelpha.

OUTCAST - A NEW BEGGINING

NOTA - 7

7

BOM

A continuação de Outcast chega como uma forma de mostrar que ainda existe espaço para jogos de aventura em mundo aberto sem a necessidade de haver tanta preocupação com sistemas de RPG. Ao mesmo tempo que acerta na construção de mundo, Outcast - A New Beggining é mediano e "passa de ano" em todo resto que se propõe.