Muitas franquias se sustentam por muito tempo, algumas pecam em não mudar tanto assim suas abordagens de gameplay, a série de jogos Like a Dragon (anteriormente conhecida como Yakuza) desperta interesse toda vez que anuncia um novo jogo, isso prova que ela fez e segue fazendo algo que desperta admiração de seus fãs, mesmo com inúmeros títulos lançados, o que para alguns seria motivo para desinteresse total, aqui estamos, com o novo capítulo produzido pelo estúdio Ryu Ga Gotoku intitulado Like a Dragon Gaiden: The Man Who Erased His Name, trazendo um dos personagens mais queridos da franquia, que precisa enfrentar a maior decisão já tomada em sua vida.
O homem que apagou seu nome
Kazuma Kiryu certamente se tornou o personagem mais adorado da saga, protagonizando os grandes títulos de Like a Dragon, e ele está de volta para mais um capítulo épico.
The Man Who Erased His Name tem uma característica bastante presente na saga, que é o início bastante brando, sem qualquer pressa em ter que demonstrar ação e pancadaria a cada minuto.
Tendo foco em narrativa, a saga Like a Dragon não precisa mais apresentar cada personagem, principalmente aqui, quando o protagonista já foi mais do que estabelecido.
Ao iniciarmos o game, sabemos que Kiryu agora usa um outro nome, Joryu, pois abandonou sua antiga vida em prol de algo maior.
Agora vivendo uma vida de agente secreto de uma organização conhecida como Daidoji, ele realiza trabalhos semelhantes aos que fazia enquanto ainda era o Dragão Lendário da Yakuza.
O jogo mostra muitos pontos chaves dos títulos anteriores, como não joguei eles, os flashbacks foram minha bússola para entender a decisão de Kyriu.
Pois apagar sua história assim não é algo que pode ter tratamento banal, por sorte não fazem aqui, não demora para revelar que tal atitude resultou em muitas consequências .
Após um pequeno tutorial de como o combate funciona, somos levados em diversas missões para que o jogador fique confortável com o jogo, o que não é difícil, já que os comandos respondem bem, com fácil entendimento, é satisfatório entrar em combate com os malfeitores.
Pois bem, enfim entramos de cabeça na história de Like a Dragon Gaiden: The Man Who Erased His Name (que convenhamos, esse título é extremamente charmoso), e a primeira parte do jogo é de tirar o fôlego, com sequências de luta bem animadas, apresentação de inimigos e problemas que fixam em nossa mente.
A arte de contar histórias
É um mérito digno de menção, quando o roteiro de uma história longa como essa, faz o jogador não esquecer de pontos chaves.
Mesmo que tenhamos passado por tantas cenas, missões secundárias, minutos explorando o mapa e centenas e linhas de diálogos.
Aqui abro espaço para uma pequena observação, aos que não gostam de diálogos, talvez este jogo não seja para você, aqui eles são importantes demais.
Como mencionei no começo, o jogo não possui pressa alguma, e não poupa palavras para desenvolver personagens e suas relações, são diálogos de todo tipo.
Entretanto, a forma como a história é conduzida nos faz querer sempre avançar e saber como que ela vai se desdobrar, e como tudo vai terminar, mesmo quem não conheça o Kiryu, vai se apegar fácil ao personagem, por mais que seja um brucutu porradeiro, ainda possui muito carisma.
Claro que os acontecimentos do passado dele fazem peso extremo aqui, mas eles usam isso apenas como argumento, não deixando a atual história refém.
É importante esse cuidado, para que novatos na franquia não se sintam deslocados ou obrigados a procurarem outros títulos para entender.
Certamente aqui a história é uma das mais sérias da saga, pelo menos dos que eu pude jogar até agora, tratando com respeito as figuras icônicas de Like a Dragon.
Os novatos na saga vão gostar, pois é um ótimo jogo, mas os veteranos vão amar, já que temos diversas referências mostradas todo momento.
Apesar da seriedade que mencionei, é claro que este episódio da franquia não deixa de lado seu lado cômico, com momentos que beiram o constrangimento.
É comum que em um momento você esteja descendo a pancada em criminosos, mas em outros esteja em um encontro com uma senhora que poderia ser sua avó, ou em um local destinado aos adultos.
Punhos do Dragão Lendário
O combate do jogo junto da narrativa são os dois pontos altos, pois é conversando com os punhos que passamos boa parte do game.
Aqui Joryu tem muito mais coisas ao seu dispor do que apenas seus braços e pernas, além do já conhecido método de usar objetos inusitados como arma, agora temos diversos equipamentos dignos de um agente secreto.
Eles servem em sua maioria para as lutas, mas alguns possuem funções utilizadas no modo de exploração do game, como a teia de aranha.
Já abordamos em nossa preview do jogo, como Kyriu utilizava estes itens, mas na versão final do jogo tudo ficou ainda melhor.
Podemos jogar fios que predem os oponentes normais, tornando assim o controle do combate muito mais fácil, ou usar isso para jogar eles para longe.
Há também cigarros eletrônicos que na verdade são granadas, estas caem bem em batalhas contra muitos inimigos, pois a explosão pode acertar vários de uma vez.
Para liberar os demais dispositivos, é necessário avançar na história, nenhum deles pode passar desapercebido ou algo do tipo.
São muitas outras ferramentas entre as citadas, que tornam o combate muito mais divertido e frenético, opções de sobra para quem gosta de inovar.
Além dessas formas de combate citadas, Kazuma pode usar diferentes estilos de luta, podendo alternar entre eles durante a partida.
É claro que um ou outro vai acabar se tornando o seu favorito, mas é importante ressaltar que cada estilo possui golpes e especiais diferentes.
Então estude e veja qual lhe agrada mais, ou faça uma junção dos estilos que você mais gosta para ter maior variedade ofensiva.
A jornada do homem solitário
Algo que me chamou bastante atenção, é tudo que aparece em paralelo com a história principal, pois não é só a narrativa central que existe.
O game conta com um mapa relativamente grande, para que o jogador explore e colete itens que ajudam na jornada, como cura e equipamentos.
E entre uma exploração e outra, vamos encontrar missões secundárias para fazermos, e elas são tão boas quanto as principais, divertidas e com conteúdo agradável.
Muitas delas ligadas na rede da personagem Akame, que tem papel importante na missão de Kyriu, ela contrata os serviços dele em determinado momento do jogo.
A Rede Akame é forjada por níveis que você pode aumentar de diversas formas, e não há como seguir no jogo sem fazer suas missões.
Tais missões disponibilizam muito dinheiro, que aqui funciona como a experiência do jogo, a progressão de personagem depende muito da rede Akame.
E por falar em progressão de personagem, em Like a Dragon Gaiden: The Man Who Erased His Name, Joryu tem muitas habilidades, cada uma delas com atributos diferentes, foco em aumentar o dano, vida ou golpes especiais.
Cada nível custa uma determinada quantia de pontos Akame e dinheiro, e os valores apenas aumentam conforma avançamos na história.
É importante investir bem os recursos, pois a vida é tão necessária quanto o dano dos golpes, e caso gaste em níveis a mais e deixem outros fracos, o que pode causar dificuldade no game.
Bater ou correr
A agressividade dos inimigos é algo que muda conforme evoluímos, existem muitas variações, até mesmo nos normais, como os arruaceiros, que demonstram pouca instrução de luta, capangas da Yakuza, que possuem maior habilidade e capacidade de defesa maior.
E temos os chefes, alguns usam armas brancas ou de fogo, as vezes ambas, ele pode vir sozinhos ou acompanhados com muitos ajudantes.
As vezes eles possuem mais de uma barra de vida, tendo que ter cuidado com os golpes mortais que eles desferem.
Todo o combate tem uma qualidade única, os golpes que vamos aprendendo no decorrer do jogo possuem animações bem trabalhadas, um verdadeiro capricho.
Sem contar com as cenas de ação durante as cinemáticas, coreografias belíssimas de lutas, dignas dos filmes, com a personalidade única de Like a Dragon.
Porém, mesmo que eu tenha muitos elogios para o game, existe uma coisa que me incomodaram um pouco, como poder fixar a mira no oponente.
Temos a opção de combate livre, apenas direcionando com o analógico a direção dos nossos golpes, ou segurar R1 para ficar em posição de combate.
Mas por mais que o combate flua, falta uma forma de deixar os golpes mais certeiros, entretanto, isso incomoda, mas com algum tempo de jogo, vamos nos acostumando.
A obra é indicada fortemente para quem gosta de grandes narrativas, com reviravoltas marcantes e personagens carismáticos, com um tempo excelente de campanha.
Like a Dragon Gaiden: The Man Who Erased His Name segue na lista de grandes jogos de 2023, entregando uma história emocionante.
Análise feita com base em uma cópia cedida pela SEGA, obrigado pela oportunidade.