É difícil ter que falar de um jogo como Stray Souls, porque eu não sei o real objetivo dos criadores, claro que o desenvolvimento de um jogo é extremamente complicado, tanto as grandes obras com orçamentos colossais, ou as que possuem apenas um sonho e a força de vontade de seus criadores.

E quando vou fazer uma review, penso que estou falando sobre algo que envolveu o amor de muita gente, é uma responsabilidade, falar bem é fácil, mas quando chegam obras que tentam ser algo que não são, o dever de ser sincero gera um amargo na boca.

Stray Souls desenvolvido pela Jukai Studios, em seus materiais de divulgação, era dito que o game seria uma homenagem aos clássicos do gênero de terror, o que despertaria a curiosidade de muitos jogadores.

E já adianto que a única a “homenagem” aqui fica apenas no gênero, e olhe lá…

Stray Souls

O que te assusta?

Aqui vamos acompanhar a história de Daniel, um jovem que herdou a casa de sua avó, e este simples acontecimento mudará sua vida para sempre.

Como posso começar falando da narrativa de Stray Souls, sendo que ela é uma das coisas mais tenebrosas (no pior sentido da palavra) que eu já vi? Daniel está conversando com uma moça pelo computador, as conversas aparentemente são normais, até que os eventos sobenaturais começam acontecer.

E daqui para a frente poucas coisas terão sentido, e eu sei, nós precisamos ter a suspenção de descrença para obras assim.

Mas existem limites até mesmo para isso, a gente pode acreditar que o Darth Vader não é puxado pelo vácuo do espaço pois ele é um Lord Sith, agora, acreditar que um jovem de vinte e poucos anos, começa a ver coisas sem explicação em casa, e segue ignorando tudo, aí já é demais.

Stray Souls

Os vultos, as aparições, geram no personagem animações ridículas, que não passam para o jogador o sentimento de medo ou ameaça.

Em Stray Souls a atmosfera de terror ou qualquer outra que gere imersão simplesmente não existe, isso é mais do que inaceitável para um jogo assim.

Estamos falando de um jogo que até poderia ter suas qualidades, se tivesse um pouco mais de capricho.

Como falei no começo do texto, eu não sei as dificuldades que enfrentaram para concluir o projeto, mas minha missão aqui é analisar.

E como jogador, não me parece que o jogo teve tanto esforço assim de seus idealizadores, parece que ele funciona mais como piada do que com jogo.

Fica difícil até mesmo usar a palavra narrativa aqui, já que tudo começa a acontecer do completo e total nada e leva para algo ainda pior, antes ficasse somente na confusão.

Aproveite a estadia

É complicado escolher qual parte do jogo é a mais frustrante, se fosse apostar em uma, seria o seu começo totalmente bagunçado e sem sentido.

Ok, Daniel herdou a casa da avó e aparentemente ela voltou do além para atormentá-lo, certo, então por que não tratar de colocar mistérios que instiguem o jogador?

Ao invés disso, o jogo solta o jogador para completar alguns puzzles dentro da velha residência, tudo começa de forma abrupta e pouco divertida.

Stray Souls

Aliás, diversão é algo que fez curva na rua que vai no sentido contrário de Stray Souls e simplesmente foi embora para nunca mais voltar.

Já tem um tempo que os jogos não têm somente a intenção de divertir, muitos levantam pensamentos sobre assuntos reais de nossas vidas.

Mas mesmo esses, que tentam ser mais sérios, possuem gameplay divertida, o que aqui não existe em nenhum momento.

Quando enfim saímos da casa, após uma tentativa de criar terror que beira o ridículo, junto da amiga de Daniel, iremos buscar respostas sobre os segredos macabros da família do protagonista.

E quando estamos em um ambiente de floresta, Daniel recebe uma arma de sua amiga, e não é implicância, mas até isso parece cafona.

É uma pistola dourada no melhor estilo gângster, é no mínimo estranho que um adolescente que não aparentava ter habilidade nenhuma, saia atirando assim.

Stray Souls
Essas escolhas são uma das coisas mais anticlimáticas que vi em um game

Ao cair da noite

Enfim começamos a gameplay de fato, e os primeiros monstros aparecem, aqui poderia ser hora de falar bem do game, mas não é o caso.

Os monstros, todos, sem exceção, não geram medo algum, não amedrontam e não passam a sensação de ameaça.

É um design qualquer, com a intenção de pôr medo, mas só gera o mais puro tédio, a sequência na floresta é desnecessariamente longa.

Onde vamos apenas correr reto e atirar em inimigos, coletando munição e vida, cheguei a pensar que estava jogando em uma máquina genérica de shopping.

Não para de vir inimigo, e o tempo vai aumentando, e mais inimigos surgem, e não acontece nada por minutos, simplesmente desisti e apenas corri.

“Meu nome é Bond, James Bond.”

Mesmo correndo sem parar, a fase não acabava, como um tutorial gigante que não ensina tanta coisa assim, pois não tem muito o que aprender.

Ao fim do percurso, chegamos na primeira batalha de chefe, aqui podemos sentir um pouco de desafio, e precisamos ter mais atenção para não falhar.

E quando estava gostando do desafio, o chefe bugou em um canto e simplesmente ficou parado, destruindo qualquer sentimento agradável que eu poderia ter.

Sem falar na câmera, que por vezes toma a decisão de se posicionar em ângulos desfavoráveis, ou fica apenas tremendo de forma descontrolada.

E não vou exigir tanto assim da gameplay, o jogo não possui tempo para explorar novas formas de combate, mas que fosse simples e boa.

A única coisa que se salva é a trilha sonora pelo mestre Akira Yamaoka, mas é uma pérola perdida no meio de um desastre.

Stary Souls segue uma linha narrativa confusa, nada faz sentido, e como jogo de terror não assusta em momento algum, uma experiência de qualidade muito, mas muito duvidosa mesmo.