Sniper Elite Resistance é um equilíbrio de modéstia, mais do mesmo e vício

Você não precisa do orçamento de uma Naughty Dog para matar nazistas e ficar sorridente

A minha experiência com a franquia Sniper Elite se resume aos spin offs Zombie Army (três dos quatro jogos jogados) e Strange Brigade (Zumbis… mas agora no Egito). Joguei cerca de 5 horas de Sniper Elite 5 também, e rejeitei a burocracia do primeiro jogo, tendo odiado esse. Ao jogar Sniper Elite Resistance, percebo que tenho em mãos um tesouro em forma de mais quatro jogos inexplorados deliciosos me esperando após a média duração deste. Pouco é mudado entre os títulos, inclusive a parte técnica, e isso seria a principal crítica a quaisquer títulos Sniper Elite recentes se em troca não fosse dado que esses jogos são o puro suco do videogame.

Embora haja semelhanças em conteúdo com o Call of Duty, onde temos uma campanha mais curta, e uma forte incitação ao multiplayer, Sniper Elite não é conhecido por se apoiar em narrativa. Apesar de haver uma narrativa decorrente, o jogo tem como principal atrativo a parte de gameplay, como num videogame clássico, não importa se você está jogando online ou na campanha.

História e cutscenes são tão desinteressantes quanto os desenvolvedores ligam para isso, às vezes com filminhos que parecem ter sido criados com um kit Envato e usado várias vezes, para cada fase diferente. Praticamente todos os filmes entre as missões são briefings, com a imagem de documentos. Até onde lembro, nada disso é novidade na série.

Cara de que era uma peste quando era menor

Estamos tratando aqui da reunião da resistência contando com nosso personagem mal-humorado britânico, mas que é turrão de uma forma quase cômica e sádica, sendo um agente do caos no meio de gente que acha que irá dominar o mundo. Soa como um vírus sarcástico rasgando os campos e arruinando tudo que vê, invés de ser um mocinho com escrúpulo algum. Você sente isso na modelagem do rosto, que é ímpar, se olharmos o triste mar de modelagem de rostos no geral, quando estamos falando de protagonistas e NPC’s na história de videogames.

Um dos grandes prazeres que sinto em jogos está aqui, as quais são a sensação de limpar uma área de inimigos por completo caso deseje, invés de derrotar inúmeros inimigos, renascendo para criar sempre um desafio, jogando fora o seu esforço particular feito, que consumiu seu tempo.

Grande parte da emoção vem de se sentir que não é bem-vindo num lugar, e que precisa estragar os planos de alguém tão detestável. Não existe nem um esforço muito grande de apresentar e construir esse inimigo em cena, no jogo, quando sabemos que se trata de um inimigo real.

Em certas áreas eu fazia questão de limpar todo o enorme mapa para me assegurar que eu poderia fazer as minhas buscas tranquilamente. Isso é sinal também de que o inimigo é ameaçador e o jogo não dá mole, o que é ótimo. Quando você respeita o inimigo, é porque a dificuldade do jogo foi bem balanceada. Por causa disso, boa parte do jogo será sobre andar com cautela, dando um ar totalmente diferente ao que se pensa quando falamos de um jogo de ação na segunda guerra.

Tão fácil é tratar esses nazistas como carne chula, matando como porcos e jogando em qualquer vala, um desprezo merecido. Porém, pelo amor ao videogame que os desenvolvedores têm, existe uma brincadeira mais profunda, que pede licença aos seus prazeres sociais e deveres como cidadão.

É que logo depois que passei de algumas missões, notei que o Sniper Elite Resistance dá um bônus de XP para inimigos nocauteados (invés de mortos), o que me fez mudar de postura no jogo. Com a mão no coração, eu tive que deixar nazistas viverem, uma pena. Ainda bem que é só um videogame.

No mesmo estilo de um bom jogo de stealth, agora os inimigos nocauteados podem ser acordados pelo inimigo atento ou que faz patrulhas. Logo, será interessante que você deixe seus amiguinhos desmaiados em baús com feno, no mato alto, ou um canto escuro qualquer.

Milésimos antes de dar merda

O grande foco ainda é ser um atirador de elite. Portanto, ao começar a fase, é de bom gosto empunhar já o seu rifle e caçar a quilômetros, alguns inimigos em instalações. O game propõe uma boa simulação de curva da bala e tudo que possa ser simulado para que a tarefa não seja tão simples quanto apontar diretamente e atirar. Felizmente, existem esquemas de ajuda para deixarem claro de que este não é um simulador. Basta alinhar o losango no inimigo, invés do centro da mira. Ele indica a direção real para a bala chegar ao alvo depois de tantas condições da lei da física. Se este losango fica vermelho, você está pronto para atirar.

A franquia Sniper Elite tem como atração principal, algo que acontece presentemente, em que você atira ao deixar o losango vermelho: é a câmera viajando com a bala, com uma dramaticidade viciante, não sendo maior que o sabor crocante que é ver o crânio sendo moído pela bala, em câmera extremamente lenta, enquanto abre um raio-X, exatamente como em Mortal Kombat (9), de 2011.

Provavelmente não há nenhuma coincidência aqui, já que a estreia dessa feature em Sniper Elite foi no segundo jogo, de 2012. De qualquer forma, se por acaso essa mecânica cansar, vai demorar para acontecer, e você não precisa estar com ela acionada quando essa hora chegar.

Uma grande vantagem de jogos ambientados na segunda guerra, é que será uma ótima oportunidade para mostrar as bonitas paisagens europeias, que servem de pano de fundo para toda a mania idiota da humanidade. Teremos a roça da roça dos confins franceses ou italianos, com castelos inteiros e vilarejos pacatos.

Isso não chega sem um ônus em Resistance, já que se trata de um jogo com intensa reciclagem de assets do quinto jogo, fazendo este aqui mais parecer uma gorda expansão de algumas horas. São nove missões, com mapas ridiculamente enormes cada, com seus vários objetivos principais e secundários. Todavia, quando estamos quase prontos para sentir que o jogo já entregou e serviu suficiente conteúdo, é quando ele acaba.

No caminho ficam alguns bugs irritantes, a maioria deles relacionados a locomoção, quando por motivo algum o seu personagem não consegue sair da rua para subir no meio fio, por exemplo. Locomoção neste jogo pode ser tornar um artefato fatal, já que a demora para estar numa cobertura ou não travar embaixo de uma porta pode te custar a vida, perdida por outro sniper atento nas linhas inimigas.

Após o fim do conteúdo de campanha, o game segue como um Call of Duty, oferecendo seus modos online para que o produto pareça menos finito, e também algumas missões soltas, como em DLC’s. Eu acredito que esse conteúdo seja secundário, ao contrário do que muitos sentem pelo conteúdo pós-campanha de COD.

Sniper Elite Resistance é um pacote doce, mas curto, com suas 12 horas. Ao menos oferece uma fluidez de diversão difícil de soltar. Eu mesmo terminei o jogo na minha segunda sessão do jogo e aposto que algumas semanas após essas aventuras, já estarei querendo consumir mais do rico universo que a gameplay dessa franquia oferece. Seus bugs e narrativa quase nula não atrapalham o produto final, mas até de fora, sente-se que já está na hora de seguir em frente em termos de renovações, principalmente para aqueles que sempre estiveram antenados nesses jogos.

SNIPER ELITE RESISTANCE

SCORE - 7.9

7.9

MUITO BOM

Não estamos falando do jogo com tecnologia de ponta, o roteiro emocionante e polidez absoluta, mas Sniper Elite Resistance sabe se impor com mapa belíssimos, uma narrativa que não entra na frente de nada em momento algum e gameplay viciante de invejar muito triplo A com todas qualidades exceto algo que nos mantenham sentando jogando até o fim.

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