Desde que Mortal Kombat 1 lançou lá na década de 90, a franquia criada por Ed Boon e John Tobias carregaria para sempre um enorme desafio, todo título novo vinha com a missão de superar seu antecessor.

Claro que isso existe em demais obras, porém, por ser um jogo de luta onde o foco principal cai fortemente para um lado, Mortal Kombat precisava sempre ter mais, pelo menos essa é a visão que tenho desde que comecei acompanhar seus lançamentos.

Em 1992, o jogo que possuía fortes inspirações no filme clássico O Grande Dragão Branco, iniciou a saga mais brutal dos jogos de luta, sendo responsável por criar uma forma diferente de enxergar tais obras, onde o limite parecia não existir.

E esse é o ponto que me fez pensar em como o novo capítulo poderia reiniciar um legado de mais de 30 anos, sem parecer forçado ou desinteressante.

Mas os desenvolvedores novamente superaram as expectativas, e reescreveram a história com maestria, mudando desde as mais clássicas rivalidades, passando por mini games e chegando até o prato principal, o kombate em si.

E se havia alguma necessidade de provar que Mortal Kombat é uma das maiores franquias de jogos de luta, isso termina aqui, e de forma formidável.

Mortal Kombat 1

Está em nosso sangue

Lembro que não me importava tanto com a história em jogos de luta, e creio que esse é um sentimento compartilhado por outros jogadores.

Como o próprio nome já diz, são obras com foco em lutar, até mesmo o filme inspirado no jogo tem uma narrativa simples.

Deixando todo o recheio paras as lutas, mas como citei no começo do texto, Mortal Kombat parece sempre querer superar o título anterior.

E a história ganhou cada vez mais peso para a franquia durante esses anos, a ponto de ganhar longas e complexas narrativas cinematográficas.

Cada novo trailer apresentando os personagens e as teorias do que poderia acontecer com eles me animava cada vez mais.

Se você jogou Mortal Kombat 11, sabe que o modo campanha é extenso e de certa forma complexo, envolvendo mudanças e criações de linhas do tempo.

Mortal Kombat 1
Scorpion e Sub-Zero possuem um dos melhores arcos do jogo.

No novo título isso é elevado, muito por conta que a nova era criada por Liu Kang traria uma visão inédita para algo já estabelecido.

Parece confuso, mas vamos aos pontos mais básicos; são 30 anos de franquia, quem acompanha já sabe de quase tudo da obra.

As rivalidades clássicas, quem irá perecer, quem é vilão, quem é herói, e agora nos é apresentada uma nova versão desses acontecimentos.

Mas calma, eu disse “uma nova versão desses acontecimentos”, isso significa que o destino de muitas coisas é o mesmo, o caminho não.

E depois da jogabilidade, a história se torna um dos pontos mais altos, a ponto de ser viciante, com reviravoltas de explodir a cabeça.

Mesmo que contenha momentos previsíveis, o roteiro é consistente o suficiente para nos prender.

Isso sem contar no trabalho incrível nas animações durante as cinemáticas, é um esmero que merece todos os elogios.

Uma nova era

O modo campanha além da excelente narrativa, possui o fator que faz o olho brilhar, a beleza em meio ao caos.

Claro que gráficos não são tudo em um jogo, para cada um existem pontos que chamam mais atenção, por exemplo, eu prefiro boas narrativas.

Mas quando tudo está unido na obra, elas beiram a perfeição, os gráficos de Mortal Kombat 1 impressionam.

Começando por um elemento que conta a história do mundo junto dos personagens, o cenário, que antes eram em sua maioria sombrios.

Agora temos variações, e elas harmonizam com o momento da história, como por exemplo, no capítulo da escolha do novo escolhido, que ocorre em um jardim, transmitindo paz e esperança.

Em outros momentos, o cenário reflete caos ou angústia do personagem destaque do capítulo, essa harmonia faz total diferença para o envolvimento com a história.

E cada cenário carrega um trabalho inacreditável, texturas, iluminação, tudo extremamente bem trabalhado, algo que somado aos modelos dos bonecos, fica ainda mais atraente.

Quando as lutas começam, onde há transição de cinemática para o estado de gameplay, a mudança entre os gráficos é mínima, quase imperceptível.

Vale ressaltar as expressões faciais que são surreais, onde cada sensação é passada de forma clara e marcante.

Ainda sobre a aventura principal, em algumas cenas é necessário realizar mini games, os famosos “test your might”, que geralmente aparecem em cenas de bastante tensão.

Uma vitória limpa!

O ponto de virada do jogo é seu combate, durante os testes liberados, falamos que a obra tinha tudo para ser um dos melhores jogos de luta de todos os tempos, e não estávamos exagerando.

Uma coisa é ver os personagens em ação por meio de trailers, outra é controlar cada golpe, e descobrir as inúmeras possibilidades de kombos.

Quando estamos no modo campanha, somos obrigados a jogar com personagens específicos, mas ao começarmos outros modos, como as clássicas torres, é possível finalmente testar todos os guerreiros, de início alguns personagens precisam de progressão na campanha para serem liberados, entre principais e parcerias.

Sem contar o Shang Tsung, garantido para aqueles que reservaram o jogo, em qualquer uma de suas versões.

As animações dos golpes e a beleza do jogo de luzes entre uma luta e outra, demonstram o cuidado com que criaram o jogo.

Os controles respondem extremamente bem, o que é mais do que essencial para um jogo de luta, tudo com a taxa travada em 60 fps.

A forma de liberar fatalitys e brutalitys são similares aos do jogo anterior, sendo que boa parte dos colecionáveis estão no Modo Invasão.

O modo vem para substituir a amada Krypta, no começo senti falta dela, mas logo fui conquistado pelo Modo Invasão, uma espécie de board game.

Após escolher o lutador de nossa preferência, bem como nosso companheiro, vamos passar por fases e cenários variados, cada nível contendo diferentes desafios.

Desafios esses que não se limitam apenas em lutas, alguns são testes de poder, outros simulam fases de aventura em que desviamos de projéteis etc.

Para prosseguir é necessário coletar certos itens, em lutas ou nas tarefas já citadas, no caminho aparecem símbolos indicando o tipo de desafio proposto.

Os outros modos são os já conhecidos Torres clássicas e modo online, além de trazer novamente a opção de customizar os personagens livremente.

Mortal Kombat 1 e sua fórmula brutal

Não posso terminar minha análise sem citar a principal característica do jogo, que é sua insana forma de mostrar algo brutal, claro que o jogo no passado sofreu por essa escolha, mas creio que não há mais isso.

Hoje enxergo a franquia como os filmes de Quentin Tarantino, em que o exagero da coisa é mais para causar diversão, sem intenção de chocar.

Mesmo que seja estranho falar isso, e depois ver um humano partido ao meio, mas as coisas parecem exageradas como no filme Kill Bill.

O exagero da coisa acaba por entreter, sem que fiquemos traumatizados, apesar de termos momentos da história bem impactantes.

Cada fatality é mais impressionante que o outro, não sei como tiveram a audácia de falar que o jogo havia ficado mais leve.

Só fico preocupado com o estudo que levou a isso, tem que ter estômago para ver tais cenas, mesmo que sejam fictícias.

E como mencionei, as expressões faciais convencem, junte isso em cenas dignas da saga e tenha as mais sinceras feições de pavor, o que combina perfeitamente com o título.

Alguns pequenos problemas de Mortal Kombat 1

Mesmo após elogios, que não são exagerados, o jogo realmente merece, agora preciso falar de alguns problemas.

Não são muitos, para falar a verdade percebi apenas dois durante toda minha jornada pela aventura principal, e mesmos esses não atrapalharam tanto.

Mas a análise está aqui para citar toda minha experiência, então vamos lá.

O primeiro o mais leve, onde aconteciam pequenas travadas nos bonecos, geralmente em cortes bruscos durante as cinemáticas, onde muita ação ocorria.

Os personagens tremelicavam rapidamente antes de voltar ao normal.

Em outo momento, mais especificamente durante as lutas, ocorria um bug que sumia com 90% do áudio do jogo, somente algumas ações geravam som.

E isso tirava parte da imersão, já que o design de som do jogo, apesar do problema citado, é incrível.

Mas bastava a luta terminar, para que o áudio voltasse ao normal, isso ocorria também no meio das cinemáticas, mas em menor frequência.

Mas mesmo esses pequenos bugs, não atrapalharam a excelente aventura principal, só incomodavam um pouco.

Mortal Kombat 1 mostra que a franquia, apesar de ter feito 30 anos, vai continuar extremamente influente não só nos jogos de luta, mas para filmes, quadrinhos e jogos de outros estilos, uma obra que soube se reinventar e aprender com seus deslizes, tudo isso sem deixar de lado as bases que consolidaram a saga.

É essencial aos fãs de jogos de luta, para fãs de uma boa narrativa, uma obra que entra para a lista de melhores jogos do ano.

Realizamos esta análise com base em uma cópia cedida pela Warner Bros. Games, agradecemos por confiar em nossa equipe.