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Prince of Persia: The Lost Crown, uma esplêndida e desafiadora jornada.

Grandes franquias se reinventam de tempos em tempos, para abandonar mecânicas aparentemente ultrapassadas, ou apenas por querer dar uma nova cara para a obra, foi assim com Resident Evil, God of War e The Legend of Zelda, até mesmos essas franquias acham uma forma de voltar às origens, como se quisesse revisitar aquele tempo em que tudo era mais simples, e por que levar apenas o simples, ao invés de trazer a modernidade e toda a sabedoria acumulada ao longo de tantos anos? Assim parece ter pensado os desenvolvedores de Prince of Persia The Lost Crown, ao brincar com as areias do tempo, a Ubisoft inicia o ano de 2024 com um maravilhoso jogo de ação e aventura, onde ao lado de um destemido guerreiro, vamos descobrir que o tempo pode não reparar tudo.

“O que há na ponta da minha espada?”

– Sargon

Os guerreiros da Pérsia

As expectativas para esta obra estavam altas, após testá-lo durante a BGS 2023, estava mais do que claro que seria algo minimamente interessante.

A obra começa com uma breve e empolgante história sobre uma batalha colossal, onde o rumo mudou drasticamente a favor do povo persa.

Pois a arma secreta, ou melhor, as armas secretas são sete guerreiros formidáveis, capazes de rivalizar até mesmo com o mais poderoso dos inimigos, essas lendas defendem a honra de sua terra.

Apesar da introdução não ser uma cinemática, é uma espécie de animação caprichada, onde de cara já temos a noção da beleza do game.

Assim conhecemos Sargon, nosso protagonista a serviço do príncipe da Pérsia, Ghassan.

Prince of Persia The Lost Crown

Logo após uma longa conversa, descobrimos o sequestro de Ghassan, cabe aos grandes guerreiros salvarem-no.

E caso você tenha jogado os jogos anteriores da saga, saiba que será surpreendido mesmo assim, isso porque este game é a grande empreitada da franquia desde Prince of Persia: The Forgotten Sands, lançado em 2010.

Por mais que o jogo tenha inúmeras mecânicas já vistas em outros jogos diversas e diversas vezes, ele sabe como usar o simples para trazer algo original.

De início temos uma breve apresentação do básico, com os bons e velhos inimigos mortos-vivos, onde aprendemos as lições sobre ataque, defesa e esquiva, padrão em jogos de aventura 2D.

O simples bem aplicado em Prince of Persia The Lost Crown

Quem não teve contato com o game na demo lançada, pode achar que a evolução do personagem não será grande coisa.

Pois diferente do teste, que havia algumas habilidades liberadas, aqui Sargon começa bem do zero, e mesmo assim a gameplay já se mostra extremamente divertida.

O que convenhamos, é a parte mais importante de um vídeo game, a diversão, tenho a impressão de que os desenvolvedores queriam deixar claro desde o começo de que, o jogo é divertido, porém ele é desafiador, colocando provas dignas de um grande guerreiro.

O jogo conta com as dificuldades padrões, fácil normal e difícil, ao mesmo tempo que oferece uma opção customizável, o jogador pode montar seu desafio.

Porém, uma vez escolhida, seja qual for o modo de dificuldade, não há como reverter, e como mencionei antes, o game é desafiador na medida certa, mas é necessário aprender com os erros para superar as fases.

E como um bom jogo Metroidvania, ele irá abusar de suas referências, obviamente bebendo de fontes mais seguras, como o próprio Castlevania, mas senti que a obra tem muito, mas muito mesmo de Hollow Knight, é impressionante como alguns trechos rementem diretamente ao reino de Hallownest.

Prince of Persia: The Lost Crown

Até mesmo pequenas comparações com a trilogia clássica de God of War podem ocorrer, isto por conta do cenário e certos inimigos.

Mas claro que a inspiração não passa por cima da personalidade do jogo, já que a criatividade do time de desenvolvedores aparece em cada canto.

A cada novo combate, o nível da obra escala e ficamos empolgados em saber quais novos inimigos iremos enfrentar.

Sargon possui dois sabres de lâmina curvada, as principais armas do jogador, mas ao longo da jornada, novos equipamentos surgem.

A tormenta de espadas

Um bom jogo de aventura precisa dar sensação de que a jornada valeu a pena, não só em tempo de jogo, mas em momentos memoráveis.

E em Prince of Persia The Lost Crown tive exatamente essa experiência, para um jogo focado em fantasia, precisamos que tenham mitos, lendas e combates de tirar o fôlego. Na pele de Sargon, o jogador irá travar embates verdadeiramente épicos.

E tudo não se limita apenas ao básico, bate, esquiva, repete, sim, isso também está lá, entretanto, o level design foi pensado para que o jogador posso usufruir de todos os poderes que Sargon adquire.

E isso é completamente perceptível durante as lutas contra chefes, estas que de longe são as melhores partes do jogo, é adrenalina pura.

Para isso funcionar sem deixar o jogador ficar frustrado, é necessário prestar atenção e decorar os movimentos dos chefes, que são implacáveis e agressivos.

A cada novo confronto, temos uma evolução na luta, já que ficamos mais fortes, maior é a necessidade de usar nossas habilidades.

Então é normal quando encontramos um inimigo formidável no caminho, acharmos que é impossível escapar de seu ataque especial, quando precisamos apenas prestar um pouco mais de atenção.

A cada novo grande chefe as coisas ficam ainda mais épicas.

Isso vale também para os desafios de plataforma, que aqui existem aos montes, eles exigem grande reflexo e atenção, mas vencê-los é gratificante.

Para os quebra-cabeças, a regra é a mesma, no começo eles parecem impossíveis, mas após pensar um pouco, entendemos e eles ficam bem fáceis.

O level design do jogo bem trabalhado deixa uma curiosidade para que queiramos desbravar cada canto do templo, fica fácil quando temos todos os poderes.

O jogo te pede para explorar, e acredite, aceitar isso é mais recompensador do que parece, existem segredos bem legais para quem tiver paciência.

As armadilhas pedem bastante paciência do jogador.

Para além das areias do tempo

E não só das lâminas vive o poderoso guerreiro Sargon, anteriormente eu falei na semelhança com Hollow Knight, os amuletos podem invocar a mesma lembrança.

Cada um é único e podemos carregar uma certa quantidade, somados, as habilidades se completam, deixando Sargon praticamente imbatível, pois com as técnicas de combate, as coisas podem virar a nosso favor rapidamente.

Os amuletos assim como na aventura do guerreiro inseto, necessitam de encaixes, certos amuletos pedem dois ou até três espaços.

Amuletos são mais do que essenciais

Sem eles, dependendo da dificuldade que você tenha começado o game, tudo fica um pouco mais complicado, existem aqueles que aumentam o dano, que possibilitam o jogador resistir um ataque mortal, que concedem vida com aparos etc.

Os amuletos são parte essencial de Sargon, assim como seus ataques especiais, os imparáveis Brilhos de Athra, que em sua maioria servem para causar dano.

Existem os que promovem cura, mas os de ataque são mais comuns, quase todos estão relacionados a jornada principal de Sargon.

Os Brilhos de Athra são os ataques mais poderosos do jogo, podendo desencadear uma quantidade absurda de dano, a maioria acerta uma grande área.

Porém, carregar a barra de Athra não é fácil, pois cada golpe exige uma quantidade específica de especial, use com sabedoria.

Por outro lado, as habilidades que ganhamos ao fim de cada missão principal são responsáveis por fazer Sargon dançar em suas lutas.

Além do pulo duplo e o clássico dash, vamos encontrar outros poderes que tronam as batalhas ainda mais divertidas, não direi aqui para evitar spoilers.

Mas eles ajudam tanto nas lutas, quanto na resolução de quebra-cabeças, e são tantas formas de superar os desafios, que é normal ficarmos confusos.

Prince of Persia The Lost Crown
Algumas magias são capazes de eliminar um grupo de inimigos inteiro

O Príncipe da Pérsia

De certa forma, a história contada em Prince of Persia The Lost Crown é bem comum, digo em sua estrutura, mas entenda comum, por conta das repetidas vezes que já vimos esta narrativa, de forma alguma é um roteiro ruim.

Ele pode ser até bobo as vezes, e previsível para os mais atentos, porém, conforme a trama avança, reviravoltas e momentos marcantes ocorrem.

Senti que a trama tentou evoluir mais do que deveria na reta final, o nível da situação escala para algo ainda mais épico.

Sabemos que Sargon é implacável, e que ele é extremamente poderoso, a cinemática inicial deixa bem claro isso, mas seus feitos finais são colossais.

Não só o herói tem seu poder elevado, os inimigos também ganham sua parcela neste montante, a cada novo chefe, as batalhas parecem ter saído dos grandes animes.

Tudo isso somado as animações extremamente bem-feitas, onde cada movimento pode ser lido com clareza em tela, deixa tudo ainda melhor e mais empolgante.

Apesar de pouco tempo para desenvolver melhor os personagens, eles possuem carisma suficiente para conquistar, com a forma com que lutam, ou em seus diálogos.

O restante dos heróis são personagens interessantes, mereciam até mesmo uma expansão contando suas histórias.

O trabalho de arte encanta, dá originalidade em cada cenário, não são cores e formas rearranjadas, mas tipos únicos de vegetações, desertos, esgotos, montanhas etc.

As batalhas são empolgantes mesmo contra inimigos comuns

Tudo com cores vibrantes e lindas, que casam bem com a temática do game, que é embalado por uma trilha sonora maravilhosa.

O jogo conta com boas opões de acessibilidade, o que deveria ser mais do que indispensável em toda obra, ponto para o time Ubisoft aqui.

Problemas que atravessam as eras…

E mesmo que eu tenha amado de paixão o game, me deparei com alguns pequenos problemas, mínimos, mas que não posso deixar de citar.

O primeiro deles é a hitbox do jogo, calma, o combate é sensacional, entretanto, em algumas batalhas, acontecia de o personagem simplesmente acertar o vazio, quando certamente o inimigo estava ao alcance dos golpes.

E claro que isso evoluía para um inevitável ataque do adversário, que certamente não errava.

Escolhi jogar na dificuldade difícil, cada falha do game significava perca desnecessária de recursos, e as vezes até mesmo a derrota.

E a hitbox não gerava dor de cabeça apenas me fazendo errar os golpes, na batalha final, quando claramente eu havia evitado o ataque do inimigo em uma distância considerável, mesmo assim o ataque acertava.

Em outras partes, Sargon se teletransportava para dentro das paredes, me obrigando a repetir todo um enorme percurso já antes vencido.

O jogo é belíssimo em muitas partes.

Outro problema bastante irritante ocorreu apenas duas vezes, mas só foi resolvido ao reiniciar o jogo.

Em determinado ponto da luta contra um chefe, ele simplesmente travou e deixou de realizar suas ações, sua vida não acabava, paralisando assim o jogo.

Há também a evolução deste bug, que é quando o chefe continua com movimentos, mas os golpes do meu personagem não o acertavam.

E advinha? Claro que os golpes do chefe acertavam normalmente, esta versão do problema ocorreu mais de uma vez, principalmente no chefe final.

O fim de todas as coisas

Prince of Persia The Lost Crown é uma jornada agradável, onde o jogador sentirá a sensação de dever cumprido no fim, os minutos finais do jogo são de encher os olhos, cada tentativa e erro vale a pena.

A Ubisoft trouxe as origens do jogo e mesclou com o que há de mais aprimorado neste estilo de jogo, o resultado é uma pérola que certamente agradará boa parte do público, com seu tom de aventura e seus personagens épicos.

O tempo de jogo pode e vai variar de acordo com o jogador, levei cerca de 36 horas para completar a campanha principal, mas ao buscar os 100%, este tempo pode dobrar.

Prince of Persia The Lost Crown é a escolha para fãs do estilo metroidvania, acertando precisamente ao unir todas as coisas boas criadas nesses anos.

Esta review foi feita com base em uma cópia cedida pela Ubisoft, agradecemos por confiar em nosso trabalho.

Prince of Persia: The Lost Crown

NOTA - 8.3

8.3

MUITO BOM

Um experiência sólida, um bom jogo de aventura, com cenas épicas e batalhas colossais, Prince of Persia: The Lost Crown inicia bem o ano de 2024 para os jogos.

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