Desenvolvido pela Kumi Souls Games, The Last Faith não possui vergonha alguma de ser transparente. Suas inspirações estão, em todo o tempo de sua demo, escancaradas na tela. Felizmente, mesmo diante das inspirações já batidas, o jogo possui seus bons momentos.

Estão lá uma série de referências: Bloodborne, Castlevania: Symphony of The Night, Blasphemous, o próprio Elden Ring e mais. Mesmo se arriscando em não criar uma identidade própria ao abusar das influências, o jogo gera interesse no que tem a contar. E apesar de muito da roupagem artística da sua gameplay e a narrativa se destacarem, é perceptível que há algo ali.

A demo de The Last Faith

Assim, logo de início, a demo nos informa que é voltada aos jogadores acima de 18 anos. Certamente é um bom chamariz para despertar a curiosidade em se seguir em frente no jogo. Ao iniciar a partir do menu, é preciso se escolher o estilo de combate. São quatro: lutador, ladino, observador de estrelas e atirador de elite. Pela nomenclatura curiosa, optei pelo observador de estrelas para ver o que me aguardava.

Iniciamos o jogo já no nível 20. Assim, é provável que estejamos soltos em algum local mais avançado da narrativa. Mythringal é a cidade em que se inicia a demo. Como bem que poderia acontecer em todo e qualquer jogo, há legendas em português brasileiro.

Além disso, o idioma de dublagem em inglês e o design sonoro em The Last Faith ecoam muito bem nos ouvidos. É instigante parar, sempre que possível, para dialogar com algum NPC. A questão da qualidade sonora fica bastante evidente na primeira conversa que acontece, entre Eryk, o protagonista, e o velho Wymond, um vendedor descrente com o futuro após o destino de sua filha.

Após a conversa com o velho, surge o primeiro inimigo. Mesmo não sendo difícil, como trata-se de um soulslike, é sempre bom ter cuidado com ataques que consumam muito do HP e restrinjam nossos próximos passos diante de novas salas e inimigos.

Vencido o primeiro conflito, avista-se o save game, um santuário. No entanto, como em outros soulslikes, salvar o jogo trará os inimigos derrotados de volta. Dessa forma, eis o preço a se pagar.

É um bom soulsvania?

É sempre divertido enfrentar bestas, abominações, divindades profanas e mortos-vivos com um diferenciado arsenal de armas. Das espadas aos cutelos, dos chicotes às pistolas, The Last Faith providencia um arsenal e tanto para o jogador.

Porém, é nos detalhes que ele mais peca e acerta. Em um certo momento bastante tenso, a atmosfera criada pelo level design e o character design me travou. Tudo, no jogo, existe para afugentar (no bom sentido). Dessa forma, há momentos em que não sabemos se atacamos ou falamos com certos personagens na tela. Não dá para se saber se à frente está um possível aliado ou um forte inimigo. Nisso, The Last Faith acerta bastante. Tudo é tão opressor que perdemos a capacidade de diferenciar um inimigo de um aliado.

Ao mesmo tempo, a movimentação do personagem deixa-o ridicularmente pesado. Para um jogo que trabalha com esquiva e contra-ataque, a velocidade baixa ou dura demais acaba por ser um peso desnecessário à jogabilidade.

Ousadia gótica e alegria medieval

Ainda sobre a demo, a atmosfera gótica de um Bloodborne da vida está lá. A diferença, claro, é o uso do 2D, que faz o jogo também ser um metroidvania. Assim, passear entre estes dois subgêneros que praticamente tornaram-se gêneros conta para The Last Faith. Contudo, sabemos que nem só de inspirações sobrevive um jogo.

Por falar em sobrevivência, em 2021, o game já estava disponível para testes. Porém, de lá para cá, ele foi sofrendo um ou outro adiamento. Então, resta saber se o atual prazo seguirá valendo e, em 15 de novembro, poderemos jogar este intrigante soulsvania.