Metro Awakening reforça o potencial hardcore dos jogos em realidade virtual | Review

Ao meu entendimento, as páginas da obra Metro não rendem a leitura mais profunda de um mundo pós apocalíptico embaixo da terra. Mas rendem até hoje jogos apreciáveis de uma cultura mais diferente do que normalmente temos.

Se recentemente pudemos consumir os maneirismo russos em Atomic Heart, desde a era Xbox 360 podemos ter um gostinho disso com os jogos da série Metro.

Até o momento estávamos parados em Metro Exodus, do começo da geração atual, mas agora temos  finalmente um spin-off e que pode ter qualidade suficiente para rivalizar os jogos da série – do contrário que se pensa normalmente quando falamos em jogos VR. Produzido pela Vertigo Games (a mesma do recente Arizona Sunshine Remake), Metro Awakening VR possui força para servir de ponte sólida para quem deseja passar por todos os jogos da série. E essa prequela assumida (mais prequela do que spin-off na verdade) mantém a consistência sólida o suficiente para no mínimo equivaler ao primeiro ou segundo jogo, só que na forma de realidade virtual.

A decisão vem tão acertada que o jogo corta fora as sessões de demasiada conversa para redistribuí-las em outros momentos e menores. Isso é um pensamento inteligente, porque é sabido que o jogador de VR está disposto a dispor muito menos  de seu tempo no aparelho do que numa TV normal. Isso se dá, claro, por causa de vários fatores físicos, como o desconforte e peso do aparelho no rosto, o enjôo em alguns e também o calor que pode dar. Sendo assim, Sedar, um doutor conhecido nas comunidades do metrô, já levanta de seus aposentos, na missão de auxiliar um ataque de mutantes na entrada da comunidade atual. É nesse momento em que o jogo de cara já te deixa experimentar a torreta (essa enorme que fica em realidade virtual), afim de divertir o jogador maltratando os vilões intrusos.

O drama pessoal de Sedar é que a sua esposa sofre com alucinações, jurando que ainda ouve o chamado do filho do casal, que morreu  no ataque inicial do jogo. Isso se passa 15 anos depois da tragédia, e agora o doutor está pronto para viajar entre os grandes e escuros tubos por si só, para arranjar os remédios para a sua amada. Obviamente, a história mostrará outras facetas, afim de explorar a parte sobrenatural de tudo que acabei de contar.

Talvez você não saiba, mas Awakening é uma prequela do primeiro jogo, o Metro 2033, então não espere Artyom no cardápio nesta timeline, no máximo, menções eventuais, se existirem.

Eu senti que poucas mecânicas foram simplificadas em relação aos jogos oficiais, deixando essa nova obra com gostinho de uma adaptação legítima. O jogador dos jogos Metro clássicos pode ter notados que em suas gameplay originais, o confronto muitas vezes era dado espaçadamente e quando ocorria, era num ritmo mais cadenciado, uma coisa de cada vez. Talvez o jogo quisesse passar a sensação da importância de cada encontro. A mesma cadência é mantida aqui, que veio a calhar para um jogo de tiro em VR que requer o gerenciamento nada prático desses tipos de jogos.

Imagine você que, invés de botões para acionar menus, mais uma vez Metro Awakening é um jogo que espera do você um trabalhador dos músculos que não apenas os dedos. Para acessar a nossa mochila, é preciso alcançar as costas com um dos controles, e pendurado nela, temos uma série de ferramentas que deverão ser utilizadas com uma mistura de pressionar de botões com movimentos contínuos que imitam a operação de tais aparelhos.

A franquia nunca se escondeu de querer ser um survival, que no fim, conseguiu transparecer isso se tornando um survival acessível para as massas, mas aqui parecemos dar dois passos para trás na escuridão e abraçarmos algo mais hardcore quando se fala  em praticidade.

Por ser um jogo extremamente escuro – e é isso que você deve esperar de túneis abandonados, sua lanterna será sua melhor amiga nas horas solitárias, e ela está no seu capacete o tempo todo, de forma que onde olhar, será a parte a ser iluminada, invés de depender do movimento das mãos. Isso é uma decisão acertada. O problema é que, já pegando emprestado de jogo survival, a energia da lanterna não dura muito. Eu diria que uma carga duraria uns 5 minutos, e para recarregar, é necessário tirar a mochila das costas, pegar o equipamento mini gerador, e girar uma manivela até que o medidor mostre carga cheia. Só assim você conseguirá prosseguir. Isso pode significar que estar sem energia na hora errada pode definir a sua vida, pois ficar sem energia no meio de uma batalha fará com que seja quase impossível se movimentar e enxergar onde está atirando.

 É aí que vem a característica da qual eu aprendi que não sou fã em jogos de realidade virtual. É exatamente a mistura de ser jogo com as mecânicas realistas de recarregar coisas e se curar. Games são construídos quase sempre com a missão de esconder do jogador que ele desde sempre é um ganhador. A junção de mecânicas realistas que envolvem movimentos reais de sua parte, te arranca do mundo dos videogames para te colocar numa terra onde as suas chances de vida são as mesmas de seu inimigo, como na vida real. É nesse momento que você escolhe se isso é maravilhoso ou se é como em meu caso, em que somente na teoria parece algo excitante. Porém, isso é uma escolha pessoal, logo, se você está ok com tentativa e erro e uma pressão maior sempre , tudo será proporcionalmente potencializado, se tornando para outras pessoas, a tal revolução que o VR pode dar à indústria. De minha parte, procuro soluções mais elegantes e que remetam a jogos clássicos, como as soluções de Resident Evil 4 em VR. Isso tudo para dizer que o ritmo de um jogo VR precisa ser reestudado e não espelhado do ritmo de um jogo controlado por um gamepad.

Metro Awakening chama aqueles que se divertem com esses conceitos, e dito isso tudo, eu recomendo altamente que esse jogo NÃO seja jogado sentado porque vai requerer trabalho braçal, especialmente relacionado a sua cintura, que será uma experiência embaraçosa se o jogador estiver jogando a opção de estar sentado.

Assim como muito e os melhores jogos VR, Metro Awakening, se em algum momento for traduzidos para telas planas e deixar de ser um jogo VR, passará a ser uma experiência igualmente plana e tosca. O charme está em viver o mundo da obra e não fazer o caminho oposto, de ser cuspido da terceira dimensão.

Por fim, no departamento técnico, na parte gráfica, espere por algo pouco melhor que um jogo de alto patamar gráfico da era PS3, forçando muito, algo da primeira parte da geração PS4. Os modelos de personagens são de rostos inexpressivos , restando à parte sonora segurar a imersão enquanto viajamos com um óculos na cara. Eu consegui ajustar a minha máquina para produzir os gráficos em potência máxima oferecida, e as partículas e iluminação ajudam grandemente a disfarçar suas heranças de outra geração. Para os padrões de jogos VR, Metro Awakening possui um padrão alto de grafismo e em minha experiência a parte da contagem de quadros não foi afetada durante seus 12 capítulos. Vale lembrar que Metro Awakening também está disponível no Oculus Quest, claro, com gráficos simplificados, algo parecido com a versão PC rodando no low. Além disso, está disponível no PlayStation VR2, soando como um farol na escuridão do mar vazio que é a biblioteca de jogos que valham a pena no aparelho da Sony.

Algumas pessoas animadas demais estão falando que Metro Awakening vereda pelos campos de Half Life Alyx. Pessoalmente, eu acho que isso está longe de ser possível por causa de uma desconexão se objetivos, escopos, pedigree e outros fatores que impedem que a jornada de Sedar sequer lembre do jogo da Valve invés de qualquer outro shooter VR competente.

Metro Awakening VR

SCORE - 7.8

7.8

Você pode jogar

Awakening cai como uma luva no mundo VR, mas também entra na oferta ao jogador de ser um jogo menos tradicional ao oferecer mais trabalho para muitas coisas outrora banais de serem realizadas em um jogo tradicional. Isso pode encher de preguiça o jogador quando tudo que ele tem a percorrer são infinitos túneis escuros e pequenas comunidades nos mesmos templates.

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