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Metaphor: ReFantazio | Review

Uma carta de amor para todos os fãs de JRPG


Metaphor: ReFantazio, a mais recente criação da Atlus, é um pacote completo. A desenvolvedora, conhecida por sua habilidade em criar RPGs profundos e emocionantes,
nos trouxe uma história cativante, adornada por uma ambientação incrível e um sistema de batalha que lembra a popular série Persona. No entanto, aqui, esse sistema foi
cuidadosamente aprimorado.


Um espectro visto de diferentes ângulos


A trama é uma mistura de metáforas visuais e narrativas, criando uma atmosfera intrigante. Elementos como criaturas míticas, paisagens impossíveis e personagens psicodélicos são usados de forma brilhante para explorar questões filosóficas e emocionais. Ao mesmo tempo, o jogo nos envolve com uma sensação de mistério, convidando o jogador a desvendar cada camada da história através da interação com esse universo peculiar.
Como é de costume, o protagonista é um quadro em branco, que se molda conforme suas interações com os outros personagens e o desenrolar da história. Mas, não se engane, o desenvolvimento da sua personalidade não se aprofunda tanto, e as opções de diálogo são limitadas até o final do jogo. Por outro lado, os personagens que compõem a história são um dos maiores pontos fortes do jogo. Cada membro do grupo tem uma personalidade bem definida, e você testemunha uma evolução constante em suas motivações e relacionamentos. A Atlus, famosa por criar personagens profundos e complexos, não decepciona nesse aspecto. O protagonista e seus aliados lidam com conflitos internos que ressoam com temas universais de identidade, escolha e destino.
A interação entre os personagens é complexa e envolvente. As conversas são profundas, muitas vezes filosóficas, e exploram questões de identidade, culpa, arrependimento e
superação. As relações entre o protagonista e seus aliados não se limitam apenas à amizade, mas também à autodescoberta, com cada personagem representando uma faceta diferente do “eu” interior do protagonista. Esse tipo de narrativa, que mistura psicologia, mitologia e fantasia, cria uma experiência rica e cheia de nuances.
Os temas que permeiam o mundo do jogo ressoam com nossa realidade, abordando questões como preconceito e racismo. É possível perceber sua influência no universo do
jogo, às vezes de forma exagerada, mas o impacto é palpável, tanto para os personagens quanto para nós, jogadores. Dentro da balança, podemos observar diversos personagens em busca de um objetivo, uma utopia. Cada um segue sua própria trajetória, vislumbrando também o desejo de se tornar Rei. Entre eles, três se destacam: o personagem principal, que busca salvar o príncipe
amaldiçoado; Louis, o principal antagonista, um vilão espetacular; e Forden, representante da igreja. Todos têm uma visão do que seria sua utopia e, dentro da realidade detalhada de cada um, buscam a realização dessa imagem, pelos meios que julgam necessários.


Uma mistura de Persona com Shin Megami Tensei


O jogo traz muitas mecânicas familiares de Persona, porém mais refinadas e convenientes. A progressão é baseada em um calendário, e suas ações avançam o tempo. Por isso, é
necessário planejar sabiamente o que fazer, pois o tempo é limitado. Você pode melhorar suas virtudes, como “Imaginação”, “Tolerância” e “Coragem”. Essas virtudes são essenciais para acessar missões secundárias e para desenvolver vínculos com certos personagens, outra mecânica importante do jogo.
Aprofundar o vínculo com os personagens é uma ação que também avança o tempo, mas oferece muitos benefícios tanto para a gameplay quanto para a história. Quanto mais você desenvolve esses vínculos, mais vantagens e habilidades em combate libera. Além disso, ganha novos itens no mundo do jogo, como presentes recebidos no final de cada dia, novas mercadorias nas lojas, descontos para abrir novas habilidades e uma série de outros benefícios.
As classes do jogo são chamadas de Arquétipos. Em vez de invocar monstros ou espíritos, os personagens convocam poderosas representações metafóricas de seus sentimentos e traumas. Essas representações se manifestam como criaturas surreais que são tanto aliadas quanto adversárias. Ao todo, são 14 arquétipos básicos com 46 variações, que
funcionam como evoluções e especializações — uma ótima oportunidade para testar novas estratégias!
Ao contrário de Persona, todos os personagens podem adotar qualquer classe. Isso dá ao jogador um grande espaço para se expressar e criar diferentes estratégias. Como todas as classes são únicas, testá-las e evoluí-las é essencial para progredir no jogo, pois sua jornada será desafiadora.
O jogo também incentiva o uso inteligente das suas mecânicas, especialmente no combate, que é bastante “brutal”. Escolhas erradas têm consequências pesadas. O combate é uma mistura de ação em tempo real com turnos. Durante a exploração das masmorras, você pode se engajar em batalhas em tempo real, usando ataques básicos e um sistema simples de desvio. Se esse combate for bem-sucedido, você entra no combate por turnos com vantagem; caso contrário, começa em desvantagem. O sistema de turnos é bem refinado. Diferente de outros jogos da Atlus, aqui suas escolhas têm um impacto maior, dando mais liberdade ao jogador e tornando o combate mais flexível
e dinâmico. Cada personagem e inimigo tem um turno, mas, se você acertar a fraqueza do inimigo, ganha um turno extra — o que também se aplica aos inimigos. Portanto, a luta
pode ser decidida rapidamente. Caso erre, o jogo permite que você reinicie o combate com facilidade, pressionando o analógico. Dessa forma, você aprende com os erros e pode
tentar novas abordagens.
O sistema de fraquezas e afinidades é baseado nos elementos da natureza (como fogo, raio, gelo) e em tipos de ataques físicos (cortantes, perfurantes, pancadas). Existem
diversas ações que exploram essa mecânica de turnos, funcionando para ambos os lados — o seu e o dos inimigos. O teto de habilidade e planejamento é alto, mas extremamente satisfatório!


Despojado e estiloso


Visualmente, o jogo é uma verdadeira obra de arte. A Atlus, conhecida por sua direção de arte única, acertou em cheio ao combinar o estilo cel-shading com elementos surrealistas.
Os personagens têm um design estilizado e expressivo, enquanto os cenários são fantásticos, com influências de mitologia e filosofia.
A música, como sempre, é um dos pontos fortes da Atlus. Composta por Shoji Meguro, a trilha sonora combina o estilo clássico de JRPG com elementos mais experimentais, criando uma atmosfera imersiva e emocionalmente carregada. A música das batalhas e as melodias suaves durante os momentos de introspecção se complementam perfeitamente, reforçando a narrativa.

Metaphor: ReFantazio é uma experiência única que expande os limites do que um JRPG pode oferecer. A obra possui uma narrativa com escrita muito acima da média, oferecendo personagens profundos e mecânicas de jogo
inovadoras, o título se destaca não apenas como um excelente jogo, mas como uma verdadeira obra de arte interativa. A Atlus mais uma vez prova sua maestria na criação de mundos imersivos e histórias complexas, conquistando tanto os fãs de longa data quanto aqueles que buscam uma nova abordagem para o gênero.

Metaphor: ReFantazio

Por: Alexandre Bazílio (Flácido)

EXCELENTE

Evolução dos jRPGs

Combinando os melhores elementos do passado da Atlus com uma visão inovadora para o
futuro, Metaphor: ReFantazio tem tudo para ser uma das grandes surpresas do ano e um
clássico moderno do gênero JRPG.

5