É só uma sugestão. Brinquedos Hot Wheels me lembram muito a criança que usou papete do Homem Aranha – perdão, caso eu esteja equivocado.

É verdade, a saga de jogos Hot Wheels tem uma longa história no mundo dos videogames, remontando a pelo menos o primeiro PlayStation e, possivelmente, até mesmo ao NES. A essência desses jogos sempre foi emular a diversão de brincar com carrinhos em pistas imaginativas, proporcionando aos jogadores a oportunidade de vivenciar a brincadeira de corridas de miniaturas em um mundo virtual.

No entanto, foi somente recentemente que a série conseguiu alcançar um novo patamar de qualidade com o lançamento de Hot Wheels Unleashed. Este jogo se destacou ao oferecer uma experiência mais próxima da brincadeira real, elevando-se para competir como um dos melhores jogos de corrida do ano em que foi lançado.

Um dos aspectos que realmente diferenciou o primeiro Unleashed foi a sua impressionante capacidade técnica. Com gráficos que aproveitavam ao máximo as texturas em alta definição e iluminação avançada, os carros em Hot Wheels Unleashed foram modelados de uma forma que os tornava incrivelmente semelhantes a brinquedos de verdade. Essa atenção aos detalhes não apenas adicionou um nível de realismo ao jogo, mas também trouxe à vida a nostalgia de brincar com os famosos carrinhos Hot Wheels em uma escala totalmente nova.

A sensação de que os carros eram verdadeiros brinquedos, e não apenas modelos virtuais em um cenário digital, criou uma imersão um tanto inédita ao meu ver. A habilidade dos desenvolvedores em capturar a essência dos brinquedos reais permitiu que os fãs de longa data se sentissem verdadeiramente conectados à experiência virtual. Além disso, atraiu novos jogadores que talvez não tivessem experimentado a diversão dos carrinhos Hot Wheels na vida real.

Contudo sempre senti que a jogabilidade daquele primeiro jogo era um tanto escorregadia, fazendo com que o ato de não se manter beijando as barreiras laterais fosse o maior desafio, de uma forma exagerada. O próximo jogo corrige isso, mas vamos falar sobre os controles mais tarde.

Hot Wheels Unleashed 2: Turbocharged é, sem dúvida, um jogo que conquista o público geral com sua acessibilidade inicial e níveis de dificuldade amigáveis nos estágios iniciais. No entanto, não se engane, pois essa facilidade é apenas uma ilusão temporária. Após algumas horas de gameplay, o jogo dá uma guinada surpreendente, desafiando os jogadores a um nível muito mais alto de habilidade e destreza. Esse aumento abrupto na dificuldade pode pegar até os jogadores mais experientes de surpresa, requerendo uma maestria que só os jogadores dedicados terão prazer pleno em se submeterem.

O jogo, por vezes, ultrapassa os limites do desafiador para se tornar quase exagerado em sua complexidade. Comparando-se a títulos como Tony Hawk’s Pro Skater (que não sei se era o intuito final aqui), Hot Wheels Unleashed 2: Turbocharged exige dos jogadores manobras extremamente difíceis para superar obstáculos em certos pontos mais avançados e em partidas online. O problema, no entanto, reside na maneira como essas manobras são solicitadas. Parece que o jogo está propositadamente desafiando os jogadores a encontrarem falhas no cenário, rachaduras ou detalhes específicos que permitam a realização dessas manobras praticamente impossíveis. Isso não apenas adiciona uma camada frustrante à experiência, mas também cria uma sensação de que o jogo está forçando os jogadores a “quebrarem” suas próprias estratégias para progredir, de forma arbitrária e obtusa

O aspecto mais problemático dessa abordagem é que o progresso do jogador pode ser severamente interrompido caso ele escolha adiar determinadas fases mais difíceis, optando por focar em desafios mais acessíveis. Esse desequilíbrio na dificuldade pode levar a uma sensação de estagnação, onde os jogadores se veem presos em um loop de tentativa e erro, buscando incansavelmente uma maneira de superar os obstáculos aparentemente intransponíveis ou que levam o jogador a se relocalizarem, quando estavam achando que se encontravam em uma posição mais confortável em relação à trajetória de jogo, dado o fato que tudo nesse projeto leva a crer que seria uma experiência suave aos dedos de todos aqueles que investissem seu tempo nele. Essa intimidação será o ponto de virada que irá separar o jogador hardcore do en passant.

A sensação de que os ambientes em Hot Wheels Unleashed 2: Turbocharged são semelhantes aos do primeiro jogo pode ser um ponto de preocupação para os jogadores que esperam uma experiência completamente renovada. Embora o jogo tenha a vantagem de apresentar pistas variadas graças ao seu inovador Track Builder, a familiaridade com os ambientes pode criar uma impressão de repetição, especialmente para aqueles que passaram bastante tempo explorando o primeiro título da série.

A presença do Track Builder, que permite aos jogadores criar suas próprias pistas personalizadas, é, sem dúvida, uma adição empolgante e criativa ao jogo. Essa funcionalidade oferece uma ampla gama de possibilidades, garantindo que cada corrida seja única. No entanto, se os ambientes pré-construídos não apresentam uma diversidade significativa em relação ao primeiro jogo quando estamos falando dos ambientes em que estas corrida ocorrem, essa característica inovadora pode acabar sendo ofuscada em poucas horas.

Para manter a experiência fresca e empolgante, seria essencial que Hot Wheels Unleashed 2: Turbocharged oferecesse uma variedade visual mais significativa, mesmo nos ambientes pré-construídos. Isso poderia envolver a criação de cenários mais distintos, como pistas ambientadas em diferentes locais ao redor do mundo, variando de desertos escaldantes a cidades urbanas movimentadas ou selvas exuberantes. A inclusão de elementos visuais únicos em cada ambiente, como arquitetura peculiar, condições climáticas dinâmicas e paisagens variadas, poderia ajudar a mitigar a sensação de repetição. Aqui estamos relegados a uma versão um pouco mais repetitiva de Micro Machines em termos de cenários.

Além disso, a adição de eventos especiais ou desafios temáticos relacionados a esses diferentes ambientes poderia enriquecer a experiência do jogador. Por exemplo, competições especiais ambientadas em locais icônicos do mundo real ou desafios temáticos baseados nas características únicas de cada ambiente poderiam adicionar profundidade à jogabilidade e oferecer uma experiência mais envolvente para os jogadores.

É frustrante quando um jogo oferece modos de jogo que não são intuitivos na parte multiplayer, o que pode prejudicar a experiência do jogador. No caso de Hot Wheels Unleashed 2: Turbocharged, não foi possível montar uma equipe, e isso apresentou uma barreira de entrada confusa ou problemática.

A montagem de uma equipe geralmente é uma parte crucial de muitos jogos multiplayer, pois permite que os jogadores colaborem, compitam e compartilhem experiências juntos. Eu fui infeliz em não conseguir encontrar jogadores suficientes no período de análise do jogo.

O sistema de carros em Hot Wheels Unleashed 2: Turbocharged, com uma abordagem semelhante à de uma loja com uma rotatividade em tempo real de um catálogo curado, adiciona uma dinâmica interessante ao jogo. Essa prática, embora seja comum em jogos para dispositivos móveis, consegue criar uma sensação de urgência e excitação para os jogadores que buscam adquirir veículos raros ou desejáveis.

A inclusão de um catálogo rotativo cria um senso de imprevisibilidade, já que os jogadores nunca sabem exatamente quais carros estarão disponíveis para compra a seguir. Essa incerteza certificou que eu ficasse engajado no jogo, fui incentivado a verificar frequentemente a loja virtual do jogo para ver as últimas ofertas. Além disso, ao disponibilizar carros considerados como “muito raros”, o jogo cria uma meta atraente para os jogadores, incentivando-os a ganhar dinheiro do jogo rapidamente para adquirir esses itens valiosos.

Essa dinâmica de jogo tem várias vantagens. Em primeiro lugar, cria um ciclo de recompensa constante, onde os jogadores são incentivados a continuar jogando para acumular dinheiro virtual e adquirir carros desejáveis. Isso aumenta a longevidade do jogo, pois os jogadores têm um motivo claro para continuar jogando, mesmo depois de terem completado várias corridas, principalmente porque a diferença de jogabilidade entre cada carro pode ser larga e um tipo de carro pode não ser tão bom quanto outro em determinados tipos de atividades ou terrenos.

A presença de pacotes pagos com dinheiro real em jogos como Hot Wheels Unleashed 2: Turbocharged pode ser uma preocupação para alguns jogadores, especialmente quando esses pacotes contêm carros ou itens que podem influenciar significativamente o gameplay. No entanto, a escolha de adquirir ou não esses pacotes geralmente está nas mãos dos jogadores. O progresso é possível sem eles, mas os colecionadores de itens que não existem, vão ficar na mão, definitivamente.

É ótimo saber que Hot Wheels Unleashed 2: Turbocharged aproveita bem todos os botões do controle de forma intuitiva, proporcionando uma experiência de jogo tátil suave para os jogadores. A incorporação dos recursos exclusivos do controle DualSense do PS5, como os gatilhos sensíveis, é especialmente bem-vinda, pois adiciona uma camada adicional de feedback tátil e resposta sensorial.

Agora, no PC, prepare-se para remapear os botões de cara, isso se você não tiver nenhum controle por perto. Sendo assim, só posso recomendar esse jogo no PC, no teclado, caso você esteja muito acostumado com jogos de ação que utilizam várias teclas em todos os cantos.

Hot Wheels Unleashed 2: Turbocharged proporciona uma experiência de corrida baseada na nostalgia dos carrinhos Hot Wheels, com gráficos detalhados e uma jogabilidade muito melhorada em relação ao anterior. A presença do Track Builder permite a criação de pistas personalizadas, adicionando diversidade ao gameplay. No entanto, desafios como a dificuldade desbalanceada e espalhados pelo jogos, a falta de diversidade visual e a presença de microtransações podem afetar a satisfação de alguns jogadores, exigindo equilíbrio e ajustes para melhorar a experiência geral do jogo.