Quando a franquia da Ubisoft surgiu com sua ideia, que por sinal é uma ideia genial, não fui fisgado como milhões de jogadores, muitos dos meus amigos passaram a entrar no Animus e reviver períodos históricos com seus respectivos heróis, entre uma conversa e outra sobre os games, constantemente falávamos sobre quais culturas a gente mais queria, como bons brasileiros, um título da franquia no Brasil seria absurdo de bom, entre um debate e outro eu sempre falava que quando a franquia fosse para o Japão eu certamente iria jogar, pois é um local que merece atenção, além de gerar boas obras da cultura pop; como filmes, livros, quadrinhos, e claro, jogos de vídeo game. E enfim chegou, após tantos anos, Assassin’s Creed Shadows convida o jogador para ir até o Japão e reviver a história de dois personagens que certamente ficarão na memória dos fãs da franquia.
Ambientado no nos anos finais do período Sengoku, Assassins’s Creed Shadows é mais uma grande e formidável aula de história em formato de vídeo game.

Nós somos as Sombras
Mesmo com um número extenso de títulos, Assassin’s Creed Shadows conseguiu elevar a franquia, isso porque o jogo segue uma fórmula simples, porém certeira, que é a jornada pura de vingança, o game inicia com um ataque em uma aldeia, onde Yasuke e Naoe aparecem em caminhos opostos.

Após o breve, mas marcante começo, somos enfim liberados para começarmos o game, é importante citar que a trama principal do game se prende muito mais a Naoe do que em Yasuke, pois o acontecimento principal está ligado com a Shinobi, além dela ser a escolhida para ser a nova integrante da irmandade de assassinos, mas isso não significa que não teremos momentos marcantes com o Samurai.

Pois bem, dito isto, podemos começar a falar sobre como esse game soube construir uma narrativa onde precisamos conhecer dois personagens.
Os vilões da vez, uma equipe que poderia ser a Akatsuki da época, está em nossa “lista da noiva” nosso objetivo é eliminar todos.
Durante a jornada, teremos muitos pontos que explicam o que ocorreu no passado, para que a gente entenda o que motivou cada um.

E esse ponto prendeu e muito minha atenção, pois mesmo para uma história simples e vista muitas vezes, a jornada dos dois segue para embates e momentos épicos.
Cada nova missão nos mostra como o capricho da Ubisoft está elevado ao máximo neste game, as missões entregam boas sequências.
Os objetivos de Assassin’s Creed Shadows nos dão versatilidade, além dos alvos que devemos eliminar, e são muitos, teremos momentos de travessia, colecionáveis variados; como pinturas, pontos de meditação e catacumbas com tesouros e equipamentos especiais.
Outras missões levam em investigações que escalam para algo maior do que quando começou, ótimo ver um game que se esforça para entregar um conteúdo digno do tempo dos jogadores.
Esconder-me à vista
Com Naoe seguimos o clássico modo da franquia, a Shinobi possui maior mobilidade para escalar, se move rapidamente, seu foco é atacar de forma furtiva.
A personagem conta com muitas ferramentas para que seus ataques funcionem sem que ela precise entrar em combate direto.

Como kunais, shurikens e bombas de fumaça, e conforme evoluímos suas habilidades, as opções aumentam tornando Naoe ainda mais letal.
Além disso, contamos com suas armas para combates diretos, como a boa e velha katana e a tanto, uma pequena faca de combate.
Quando o combate direto se faz necessário, Naoe segue extremamente habilidosa, com combos rápidos e precisos, contra-ataques e esquivas ágeis para confundir os inimigos.

Sem contar nos golpes especiais que fazem toda a diferença, além disso, o jogo segue uma linha mais RPG, ou seja, temos diversos status positivos para nos auxiliar durante as lutas.
Os detalhes do jogo impressionam, com boas expressões faciais, a evolução se faz nítida em muitos NPC’s.
Além disso, o game conta com uma ambientação absurdamente linda, um deleite aos olhos de quem gosta de apreciar bons gráficos.

Os cenários dão um show, onde iremos passar por florestas, cavernas, montanhas, campos verdejantes, cada um mais bonito que o outro, existem pontos do mapa que parecem verdadeiras pinturas, obras de arte.
E quando o sistema de estações se renova, podemos ver os mesmos cenários agora com as mudanças significativas do outono, primavera e inverno.

Entretanto, as mudanças não param por aí, a forma como o clima afeta o ambiente merece citação, a forma como as árvores reagem ao vento deixa o mundo vivo e interessante 100% do tempo.
As chuvas quando caem, dependendo da intensidade, fazem o jogador quase querer buscar abrigo mesmo em um mundo virtual.

Afastar minha lâmina da carne dos inocentes
Após jogarmos algumas missões, o caminho de Yasuke ressurge, dando ao jogador uma nova visão do game, se com Naoe éramos ninjas silencioso, com Yasuke seremos uma força da natureza, barulhenta como trovão.

Isso porque o samurai possui uma força absurda, focado totalmente no combate direto, mesmo que ainda precise de estratégia, jogar com Yasuke se torna quase um passeio no parque.
Diferente de Naoe que precisa de estratégia para se infiltrar nas bases inimigas, Yasuke entra pela porta da frente e deixa um rastro de destruição.

Suas ferramentas todas voltadas para dano, como a katana de samurai, o arco longo e um porrete destruidor.
Seus especiais também exalam brutalidade, como era de se esperar, sua habilidade em escalar é quase nula e sua furtividade também não é das melhores.

Yasuke possui um arco narrativo igualmente interessante ao da Naoe, os momentos de ação com ele marcam bastante.
Ambos os personagens contam com objetivos que apenas um deles pode realizar, e outros que os dois podem fazer.
Conforme vamos avançando na história, o jogo nos dá liberdade de escolher com quem queremos seguir.

É chegada a hora de mudar
Até aqui, ficou claro que amei o jogo, que me prendeu por horas e horas, mas ele não segue livre de críticas, chegou a hora de colocar estes pontos.
Como um iniciado na franquia, pois joguei apenas quatro títulos, eu achava que as escolhas dentro da narrativa possuíam um peso maior.

Por exemplo, ao fazer uma missão onde o objetivo era destruir uma gangue que praticava atos terríveis, pensei que ao poupar um dos vilões, isso reverberaria de alguma forma no mundo, nem que fosse de forma bem simples.
Mas diferente disso, você faz algo significativo e para por ali, não possui nada de relevante, algo um pouco frustrante.
Pois para uma narrativa focada em eliminar e mudar o rumo das coisas, decisões deveriam ter um peso maior.

O Animus e a Inteligência Artificial dos inimigos
Outro ponto que me desagrada, e isso têm a ver a minha baixa experiência com a saga, é a interferência do Animus.
Confesso que não consigo me acostumar a ir para uma missão no antigo Japão e ver um portal abrir no meio do nada.
Quebra a imersão de tal forma, que fiquei torcendo para que isso não acontecesse tantas vezes, e claro que ocorreu.

A solução? Apresentar o Animus apenas no começo e retornar com ele somente no final do game, para uma explicação final.
Entrega-me no passado e deixa que fique 100% imerso ao período histórico, sem que eu precise lembrar que tudo é uma simulação.
Mas o ponto máximo de minhas críticas bate justamente na inteligência artificial dos inimigos, pois eles ainda esquecem-se do personagem com uma rapidez absurda.

Chega parecer mentira, o inimigo te ver, não só fica alerta, ele te detecta, e se você der a volta numa mesa ele já entra em modo de busca.
Sendo que ele te viu dois segundos atrás, o que torna a furtividade algo sem tanto peso, pois sabemos que vamos conseguir voltar a ficar escondidos com facilidade gritante.
Além disso, a repetição de inimigos segue um problema, um jogo assim merecia um trabalho especial nos inimigos, principalmente nos chefes.

Assassin’s Creed Shadows vale a pena?
A forma como a Ubisoft respeita e ensina história para os gamers é algo que devemos respeitar e valorizar a cada novo Assassin’s Creed, e com o Shadows não poderia ser diferente.
Além de um combate delicioso e uma boa narrativa, a obra entrega uma dublagem brasileira que prova mais uma vez porque é a melhor do mundo.
Certamente um dos grandes jogos do ano, a Ubisoft retoma as rédeas de uma de suas franquias principais e entrega algo digno de elogios.
Assassin’s Creed Shadows é grandioso, uma aventura marcante e emocionante, os fãs vão amar cada minuto da jornada de Yasuke e Naoe.
Esta análise foi possível graças a chave cedida pela Ubisoft Brasil, agradecemos por mais esta oportunidade.
Assassin’s Creed Shadows
Você precisa jogar! - 9.3
9.3
Um jogo grandioso como merece a história do Japão, Assassin’s Creed Shadows nos leva para mais uma aula de história, onde novamente percebemos o carinho que a Ubisoft tem por esta franquia, um dos grandes jogos do ano, aqui vemos a saga retornar aos trilhos e espero que fique no caminho certo por um bom tempo.