Alan Wake II chegou ano passado e já conquistou seu lugar entre os melhores Survivor Horror já criados, e dizer isso não é exagero, pois com sua proposta mais ousada, em não entregar uma narrativa mastigada, o jogo da Remedy nos leva em uma jornada sombria e que não conseguimos largar até que tenhamos todas as respostas.
Assim chegamos até a primeira expansão do game, Night Springs, que conta com 3 episódios ambientados na série que é constantemente mencionada no jogo original, e mais do que apenas alguns capítulos avulsos, Night Springs nos traz mais mistérios sobre o que ocorreu e o que ainda vai acontecer.
Fã Número um
O primeiro episódio mostra a personagem mais do que conhecida pelos fãs da obra, Rose Marigold e sua admiração inquebrável por Alan Wake, acompanhamos sua jornada em mais um dia no Oh Deer Diner, servindo seus clientes.
Acredito que assim como a maioria dos jogos da Remedy, Night Springs quer que o jogador tente enxergar mais do que é mostrado.
Com isso em mente, vamos entender (ou pelo menos tentar) essa fascinação bizarra de Rose por Alan, a começar por seus pensamentos, praticamente todos são voltados para o escritor, e mesmo quando ela realiza suas tarefas diárias, os diálogos sempre retornam para o tema “fã número um”.
Como sabemos, a narrativa do jogo mescla o real e o que não é, causando assim aquela sensação de desconfiança toda vez que a gente acha que está tudo normal.
Além disso, se você jogou o primeiro Alan Wake e parou para assistir alguns episódios de Night Springs, sabe que o programa segue a mesma linha narrativa.
Rose recebe um chamado de Alan e decide partir para salvar seu escritor favorito, e aqui começa a loucura.
Proteger, Servir e Punir.
Tal qual um filme do Tarantino, começamos vendo uma garçonete em seu uniforme impecável, e iremos terminar com a protagonista coberta de sangue.
Sem contar com o seu quarto “secreto” que aparentemente saiu de um dos filmes da franquia John Wick.
Entretanto, para chegar até seu ídolo, Rose precisa acabar com algumas ameaças, entre elas o vilão Scratch.
O episódio de Rose possui diversa formas de interpretação, você pode simplesmente acreditar que é uma ficção dentro da ficção, aceitar que é apenas um programa de TV e pronto.
Ou podemos enxergar aquilo como devaneios de Rose, em um sonho acordado em que ela é a heroína de Alan Wake.
Mas prefiro ficar com minha interpretação, de que a garçonete se tornou uma peça no xadrez maligno da Presença Obscura.
Estrela Polar
No segundo episódio de Night Springs, temos um dos momentos mais aguardados da franquia, a aparição de Jesse Faden, devolvendo assim a visita, já que Alan surgiu em uma das expansões de Control.
Jesse está à procura de seu irmão, o que a leva até Coffee World, assim como o capítulo anterior, este será bastante curto.
Porém, ele entrega um dos melhores finais e é o que mais possui ligações com a história principal e com a continuação de Control.
Isso porque aqui vamos ter a participação do xerife Tim Breaker, mas algumas coisas podem gerar estranheza, primeiro, Jesse não usa seus poderes psíquicos, pelo menos não os de levitar objetos ou voar.
Mas acaba por usar eles em uma espécie de intuição que nos serve de bússola, apesar do pouco tempo, o capítulo reserva uma sequência de eventos que trazem uma boa imersão.
Com alguns puzzles, Estrela Polar acaba por nos lembrar que Alan Wake e Control fazem parte do mesmo universo.
O final deste episódio faz os fãs suplicarem para que Control 2 seja enfim lançado.
Não é necessário jogar Control para entender este episódio de Night Springs, entretanto, quem jogou terá uma recompensa melhor.
Ruptura do Tempo
O terceiro e último capítulo acompanha Tim Breaker em o que para mim é entra em uma das melhores narrativas dos jogos de 2024.
O roteiro de Ruptura do Tempo é algo que faz o jogador pensar no que a Remedy reserva para o futuro da franquia.
Pois a história principal de Alan Wake II não é algo simples de entender, e se caso os eventos de Night Springs afetarem o jogo original, as coisas podem ficar ainda mais malucas.
Durante o episódio descobrimos que Tim possui muitas versões, espalhadas por universos diferentes e que há um vilão chamado Mr. Door, acabando com todas as versões de Tim Breaker que existem.
O que nos mostra como a Remedy é versátil em sua forma de contar história, Sam Lake não brinca em serviço.
Durante o capítulo passamos por linhas diferentes através do tempo e espaço, alterando a aparência de Tim, o ambiente e até mesmo a gameplay.
E por mais que seja algo de certa forma simples, o simples quando lapidado ao máximo, acaba por entregar um sabor diferente.
Tentar entender a ligação do personagem que aparece no jogo original com toda essa loucura pode dar um nó em nossas cabeças.
Como sabemos, Tim Breaker some e aparece em dimensões paralelas, completamente perdido, mas com a DLC, vem a pergunta: qual Tim Breaker é o original?
Além disso, o jogo entrega uma metalinguagem excelente, o vídeo game dentro do vídeo game, algo digno de elogios.
Night Springs vale a pena?
Se você gostou do que viu no jogo principal, Night Springs entrega um gostinho a mais daquele mundo, nos jogando de cabeça em uma sopa de mistérios ainda mais complexos.
A DLC possui um tempo bastante curto, em menos de duas horas é possível terminar todos os episódios.
É caprichada assim como o jogo original, direção impecável e uma direção de arte fantástica.
Night Springs é mais um movimento preciso da Remedy, deixando o fã das franquias Control e Alan Wake ainda mais instigado pelos próximos jogos.
Alan Wake II - Night Springs
NOTA - 9.1
9.1
Excelente
Night Springs é mais um movimento preciso da Remedy, deixando o fã das franquias Control e Alan Wake ainda mais instigado pelos próximos jogos.