Um funcionário da Microsoft estaria insatisfeito com os novos (e não tão novos) rumos da empresa em que ele trabalha. E por isso, na esperança de que a voz do povo seja a voz de Deus, a Microsoft se sensibilize e dê um 180º neste barco, resolveu dar com a língua nos dentes.

Assim começamos a semana da marca Xbox, com a possibilidade de expansão para novos horizontes. Conforme relatado em diversos cantos da internet, a notícia inicial foi a lenta aproximação de Hi-Fi Rush para outros consoles, incluindo o PlayStation. É justo, considerando que é uma franquia bem-sucedida que precisa de mais jogadores para justificar sua existência e continuidade. Em seguida, Indiana Jones entrou no burburinho e, mais recentemente, Starfield, que supostamente terá pelo menos o jogo base disponível em outras plataformas assim que a DLC Shattered Spaces for lançada no Game Pass. Sim, no Game Pass, afinal, para que serve a marca Xbox se todos os rumores se confirmarem?

Em um trecho do podcast do usuário “Idle Sloth”, o convidado “Timdog” revela vários tópicos dessa nova fase da Microsoft e nenhuma delas deve agradar quem investiu mais de 4000 reais em um console, ou mesmo quem optou pelo Series S.

Para começar, o que ele ouviu do funcionário foi que Call of Duty não deve chegar ao serviço Game Pass. Todo mundo viu que o nome mais mencionado durante a disputa contra o CMA foi a franquia da Activision. Esta, por sua vez, já declarou ser contra o modelo Game Pass e naturalmente, essa decisão de manter a franquia fora pode ter sido influenciada pela Activision Blizzard. Isso não significa que jogos mais antigos da série não possam estar presentes no serviço, mas como a Microsoft pretende ganhar dinheiro e agradar outras agora “ex-concorrentes”, supostamente seria uma jogada mais lucrativa e justa que seu grande trunfo seja tratado da mesma forma que a Sony trata seus exclusivos: fora do catálogo de assinatura, pelo menos no lançamento. Os donos de consoles Xbox? Bem, procurem outras razões para ter um Xbox Series.

Outra informação interessante, mas não tão surpreendente, é que as vendas de hardware (ou seja, consoles Xbox) estão obviamente abaixo do esperado, deixando o CFO da Microsoft em alerta e provavelmente instigando-o a pedir uma mudança de direção — um plano B. Naquela época, o Xbox One ainda era o Xbox mais procurado pelo público médio — você sabe, aquele que não tem ideia do que é Ray Tracing e quadros por segundo. A máquina que sofreu um revés em 2013, por ser mais acessível hoje, claro, é a preferida entre as pessoas que só querem uma experiência básica de jogo, sem grandes entusiasmos. Essa máquina roda todos os jogos retrocompatíveis que um Series roda, ainda oferece alguns novos lançamentos e, o que não tiver, provavelmente pode ser jogado na nuvem com o XCloud (especialmente os jogos “first party”). Nessas revelações, também foi mencionada a oferta de $350 dólares no Series X, mas que ninguém se importou. Pessoalmente, eu definiria isso como “colocar os bois na frente da carroça”. No fim do dia, o console ainda faz promessas, e o que entrega parece ser apenas uma sombra do que já foi nos anos 2000. Como vimos, não parece fazer sentido para o consumidor acreditar nessas novas promessas. Os donos de consoles Xbox? Bem, procurem outras razões para ter um Xbox Series.

Se o que o nosso querido funcionário secreto ouviu, colocando um copo na parede, for real, a Microsoft também não está satisfeita com o resultado final de seu próprio serviço, o Game Pass, que não seria sustentável no momento. Ele opera em uma plataforma menos popular do que os outros dois concorrentes diretos ou indiretos. O bolso frouxo para colocar jogos third party por parte da divisão de jogos da Microsoft no Game Pass supostamente não é recuperado. Isso faz com que as peças se encaixem, uma vez que não é difícil procurar por aí informações que configuram o desejo de Phil Spencer em colocar o serviço no máximo de dispositivos possíveis. Isso tudo significa, sim, que felizmente mais pessoas vão jogar videogames. Mas também significa que a massa de fãs que utiliza o Game Pass no console Xbox serviu de matéria-prima para que o serviço de assinatura crescesse em popularidade, e essas pessoas serviram como os melhores vendedores não comissionados da indústria de jogos. E agora, o que os donos de Xbox, o console, podem fazer? Bem, procurem outras razões para ter um Xbox Series.

O que Tim ouve dos bastidores da Microsoft não é apenas a opinião de uma pessoa. Então, trazemos outro exemplo de funcionário que afirma que é possível que as pessoas fiquem descontentes com a marca Xbox após a compra da Activision, pois a empresa, caso você não tenha percebido, busca retorno de investimento (ROI) em vez de agradar aos fãs. No entanto, essa parte não exige um exercício de vidência tão evidente, pois as pessoas já têm motivos suficientes para fazer isso acontecer.

Timdog conclui que, como a Microsoft cogita ser mais uma vendedora de serviços e publisher do que apoiadora de hardware, não deverá continuar com a insana cruzada de comprar estúdios.

O que poderia levar a empresa a abandonar um console que nem começou a exibir seu verdadeiro potencial adequadamente? Em pouco tempo, o Dreamcast fez mais por nós, jogadores, em 1999 para 2000. Seria este o sinal da falta de confiança nos estúdios internos após o desastre de Redfall e todas as outras recepções mornas, juntamente com o polêmico lançamento de Starfield?

Tim aposta que o caminho da empresa agora será semelhante ao da Netflix, oferecendo anúncios dentro de jogos (ele deu um exemplo de um anúncio rolando após o término de um capítulo em Like a Dragon) e, para as comunidades e redes, bem, essas seriam comandadas por IAs.

Neste ponto, muitos leitores já se perguntam, banhados em sal, o motivo de um site como este estar abertamente do lado da Sony. Exceto que não estamos. Porque um console vai mal, não significa que estamos satisfeitos com o concorrente também. Tente preferir pensar que somos fatalistas e que a indústria de jogos vive um momento apocalíptico, com demissões em centenas a cada dia do ano, esgotamento criativo e o abuso iminente resultante de monopólio.

E o dono de um console Xbox? Bem…